“Se economizar mais, vou ficar sem luz”, diz consumidor sobre luta para poupar
Rotina de muitos lares já inclui banho frio, noite no breu e só geladeira na tomada
Ainda sob o eco do pedido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para que a população colabore e apague um “ponto de luz”, os campo-grandenses contam que sentem a crise hídrica no bolso e, praticamente, já esgotaram as estratégias para economizar energia. Tem gente que nem usa o chuveiro elétrico, enquanto a maioria só deixa um eletrodoméstico ligado: a indispensável geladeira.
“Se economizar mais, vou ter que ficar sem luz”, diz a empregada doméstica Lucinda Cosme de Souza, 53 anos. Ela explica que procura desligar todos os aparelhos em casa. “Acompanhei o que o presidente falou e já fazia isso [economia] antes. Uso o que posso pagar, de acordo com o meu salário”, afirma.
A rotina no lar do ajudante de obras José Jorge da Silva, 48 anos, também inclui medidas para economizar energia. “Não passa roupa e não usa chuveiro elétrico. O pobre não tem como parcelar conta e, se parcela, não paga. Sei da crise hídrica que estamos passando e tento fazer a minha parte”.
O aposentado Pedro Aleixo de Souza, 72 anos, relata que dorme no breu para economizar luz. “Tento economizar ao máximo. Só deixo a geladeira ligada, por conta dos alimentos. Mesmo economizando, tem oscilação de R$ 2 a R$ 3 todo mês”, afirma.
Dono de borracharia e conveniência no Jardim Noroeste, Adriano dos Santos, 37 anos, trocou todos os freezers para economizar. “A economia de energia vai depender de pessoa para a pessoa. Uns economizam, outros não”.
Pedido - Durante sua live semanal nas redes sociais, na noite de quinta-feira (dia 26), o presidente classificou como "problema sério" a atual crise energética.
"O problema é sério. Eu vou tentar fazer um apelo a você que está em casa agora. Eu tenho certeza que você pode apagar um ponto de luz agora. Eu peço esse favor pra você. Assim, você estará ajudando a economizar energia e a economizar água das hidrelétricas", afirmou.
Também na quinta-feira, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) informou que será preciso garantir uma produção adicional de energia, a partir de outubro, para atender à demanda que não poderá ser suprida pelas usinas hidrelétricas.