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Educação e Tecnologia

Acadêmicos apontam ações "antidemocráticas" da reitoria temporária da UFGD

Defensoria Pública da União cobrou explicações da reitora, sobre as decisões tomadas sem o consentimento de alunos e professores

Adriano Fernandes | 03/07/2020 19:33
Reitora pro tempore Mirlene Damázio (com túnica branca), durante diplomação de estudantes de medicina.(Foto: Divulgação)
Reitora pro tempore Mirlene Damázio (com túnica branca), durante diplomação de estudantes de medicina.(Foto: Divulgação)

A atual gestão pro tempore da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) continua gerando polêmica entre a comunidade acadêmica da instituição. Nesta semana professores, técnicos e estudantes, se mobilizaram contra as ações que julgam ser “antidemocráticas” e que tem sido adotadas pela administração.

No último mês de junho, completou um ano da nomeação da professora de pedagogia Mirlene Ferreira Macedo Damázio como reitora temporária e o vice-reitor Luciano Oliveira Geisenhoff, também temporário, depois que o Ministério da Educação, optou por não nomear os candidatos vencedores do pleito eleitoral realizado em 2019.

De acordo com um documento, assinado por professores de 34 cursos e que foi remetido à Pró-reitoria de Ensino de Graduação, “desde que assumiu, a reitoria tem optado por estratégias que minimizam e até inviabilizam a realização das reuniões dos órgãos colegiados da Universidade”. O cenário, segundo os docentes, se agravou com a pandemia de covid-19 e com a criação, pela administração, do Comitê Operativo de Emergência.

O Comitê que tem membros escolhidos pelas reitoria, sem consulta prévia aos docentes e alunos, passou a deliberar sobre todo o funcionamento da UFGD, sem a participação da comunidade acadêmica. Conforme o posicionamento dos docentes, desde março deste ano não são realizadas reuniões dos órgãos superiores da Universidade. Decisões como a suspensão do calendário acadêmico e o retorno das atividades remotas, por exemplo, foram tomadas sem o conhecimento do Couni (Conselho Universitário) e Cepec (Conselho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura).

A comunidade acadêmica cobra que todas as decisões referentes ao funcionamento da Universidade voltem a ser discutidas em conjunto. “O que reivindicamos é que tais decisões sejam tomadas com base em pesquisas e estudos – que devem estar disponíveis integralmente à comunidade acadêmica – e diálogo, o que infelizmente não vem ocorrendo na UFGD há meses”, comenta o professor Matheus de Carvalho Hernandez à frente do curso de Relações Internacionais.

Como providência, o requerimento exige a convocação imediata de reunião da Câmara de Ensino de Graduação da UFGD, sob risco de judicialização da portaria que estabelece o Regime Acadêmico Emergencial. O retorno às aulas foi definido pelo COE para o dia 3 de agosto, sem o envolvimento de representantes da comunidade acadêmica.

Assim como nos cursos de graduação, coordenadores de 11 cursos de pós-graduação da UFGD também elaboraram e divulgaram manifesto contra a “condução antidemocrática da gestão pro tempore da instituição”. Eles reivindicam a convocação de reunião da Câmara de Ensino de Pós-graduação e Pesquisa e dos conselhos superiores da Universidade.

O Diretório Central dos e das Estudantes e a Associação de Pós-graduandos da UFGD também vêm realizando campanha contrária à “imposição do ensino remoto na Universidade”. Em nota emitida no dia 23 de junho e assinada por centros acadêmicos de 15 cursos, as entidades criticam a decisão de retomada das aulas a distância.

A mobilização chamou a atenção da Defensoria Pública da União e do Ministério Público Federal, após o envio de mais de 50 denúncias sobre a decisão da Reitoria pelo ensino remoto, sem debate com a comunidade.

Em resposta, a Defensoria encaminhou, no dia 1º de julho, um ofício à reitora pro tempore Mirlene Ferreira Macedo Damázio, no qual solicita informações sobre o retorno das aulas via sistema remoto, questionando, entre outros pontos, se houve debate com os órgãos representativos da UFGD – citando Couni e DCE – e o que foi feito para que estudantes em vulnerabilidade e sem acesso à internet respondessem ao questionário que serviu de base para a decisão pelo ensino a distância.

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