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Educação e Tecnologia

Deputada e juiz são palestrantes em escola onde Ciência combate evasão de alunos

Ideia da atual diretora tornou estudos mais interessantes incentivando pesquisa e trazendo palestras

Cassia Modena e Idaicy Solano | 04/09/2023 12:18
Alunos chegando ao congresso na escola (Foto: Marcos Maluf)
Alunos chegando ao congresso na escola (Foto: Marcos Maluf)

No Brasil, participar de um congresso e apresentar um trabalho científico, além de assistir palestra de pessoa referência em determinado assunto, são coisas que geralmente acontecem durante a vida universitária.

Mas os estudantes da Escola Estadual Aracy Eudociak, em Campo Grande, antecipam essa experiência entre esta segunda-feira (4) e quarta-feira (6), quando vão receber deputada estadual, juiz de direito, defensora pública e pesquisadores como palestrantes da segunda edição do congresso independente "Brasilidades".

O evento nasceu de ideia que a atual diretora da escola, Gisele Bacanelli, teve em 2015. Na época, ela coordenava o ensino no turno da noite e pensava em alternativa para tornar os estudos mais interessantes, principalmente para quem pensava em desistir de concluir o Ensino Médio.

Na programação, estão confirmadas apresentações de banners de trabalhos que os estudantes desenvolveram durante todo o primeiro semestre do ano. Os palestrantes serão a deputada estadual Gleice Jane; o juiz Albino Coimbra Neto; a defensora pública Thaís Dominato; o pesquisador Dr. Marcos Henrique Marques, da Fundação Manoel de Barros; membros do Instituto de Pesquisa e Inovação em Inteligência Artificial de Mato Grosso do Su; e pesquisadores da Embrapa Gado de Corte.

Evasão escolar menor - Gisele começou a incentivar pesquisas e palestras nas salas de aula há oito anos na mesma escola, onde começou a atuar como professora.

Ela cita um resultado como exemplo: "Tinha um aluno que falava em abandonar os estudos. Isso foi antes de eu começar a trazer palestrantes de fora, para que os estudantes fizessem pesquisas e perguntas que o convidado pudesse responder. Nisso, o quase desistente se interessou pela área de perícia criminal e continuou os estudos para seguir a profissão".

Diretora da escola e idealizadora do projeto, Gisele Bacanelli (Foto: Marcos Maluf)
Diretora da escola e idealizadora do projeto, Gisele Bacanelli (Foto: Marcos Maluf)

De lá para cá, houve diminuição no índice de evasão escolar – quando o aluno abandona os estudos e não retorna no ano seguinte, nem na rede pública e nem particular –, segundo acompanha a hoje diretora.

A adoção do ensino de tempo integral pela escola proporcionou mais tempo para os estudantes se dedicarem aos projetos de pesquisa, inclusive. A Escola Estadual Aracy Eudociak aderiu ao modelo entre 2021 e 2022.

O que os alunos acham - Carolina de Souza, 16, estuda o 2º ano do ensino médio, é presidente do grêmio estudantil, participa e está na equipe de apoio do congresso. "Ele tem uma função de combater a evasão escolar de forma diferenciada, não só com aulas monótonas, mas trazendo pessoas de fora para conhecer e desenvolver uma carreira", afirma.

Carolina de Souza (Foto: Marcos Maluf)
Carolina de Souza (Foto: Marcos Maluf)

Na vida escolar da adolescente, o evento soma. "Tem me auxiliado. Inclusive, vai ter palestras de engenharia agrônoma e isso se aplica muito na área que eu quero trabalhar. Vou poder tirar dúvidas e ter mais conhecimento", finaliza.

Ana Clara Coutinho, 17 anos, está no mesmo período que Carolina. Ela conta ter descoberto que a maioria das pessoas sabe pouco sobre como prevenir a dengue, por meio de uma pesquisa científica na escola. "Eu e outras cinco colegas fizemos esse trabalho e 40 alunos responderam ao nosso questionário. Quase todos conhecem o agente que transmite a doença, mas não sabe como prevenir", explica.

Ana Clara Coutinho (Foto: Marcos Maluf)
Ana Clara Coutinho (Foto: Marcos Maluf)

Ela ainda comenta ter ficado nervosa durante a apresentação do trabalho. "Nunca tinha participado de nada assim tão grande. Nas outras escolas onde estudei, nem ouvi falar de congresso e de fazer o meu próprio trabalho. Fiquei nervosa na hora de entrevistar as pessoas, mas foi muito emocionante", conta Ana, que quer seguir carreira como médica do Exército Brasileiro ou perita criminal.

O coordenador da escola, Maikel da Silva Ferreira, pontua que é cada vez maior o interesse dos estudantes na proposta de transformação por meio da Ciência. "Essa experiência traz uma visão científica, para o aluno sair de uma realidade social e atingir outra por meio da educação".

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