Incra e Governo Federal fazem parceria por curso de Agronomia na Uems em 2024
Projeto deve ser consolidado no primeiro semestre do próximo ano
O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) quer instituir o curso de Agronomia prioritariamente para famílias envolvidas com a reforma agrária até o fim de junho de 2024 na Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul).
O processo em andamento é uma parceria entre o Incra regional e o Governo Federal por meio do Pronera (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária), que visa promover a educação rural e erradicar o analfabetismo entre os moradores do campo também entre quilombolas, acampados cadastrados na autarquia e beneficiários do PNF (Programa Nacional de Crédito Fundiário).
Sem nenhum projeto em andamento no Estado, o Pronera já oferta cursos de ensino fundamental, médio, técnico e superior, adaptados às necessidades e realidades do meio rural, e pretende com o novo curso, fortalecer os pequenos agricultores do estado, projeto que deve ser encaminhado para a Capital Federal em breve.
“O Incra recepciona os projetos já construídos, já discutidos entre o movimento e as universidades e discute junto. O projeto será enviado para Brasília, onde passará por análise, segundo o manual de operações do Pronera de 2016, pois o texto terá de ficar de acordo com o manual”, disse Gisele da Rocha Souza, Doutora em Educação pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e responsável pelo programa em MS.
Os projetos, repasses e bolsas dos alunos todos são regulamentados pela Instrução Normativa de 11 de Outubro de 2023 em que constam os valores de projetos de alfabetização, escolarização que envolvem os estudantes do Programa, que variam entre R$ 6 mil e R$ 33 mil/ano, a depender de cada um dos cursos.
Diretor da Fettar (Federação dos Trabalhadores Assalariados de MS), Sílvio dos Santos Menezes, destacou que o momento é de resolver esse gargalo, sobretudo para os alunos que vivem em áreas rurais.
“Meu filho cresceu, estudou dentro do assentamento, todos eles (filhos) concluíram o ensino médio dentro do assentamento. Me lembro da luta da comunidade para levar o ensino médio, assim como da burocracia que se coloca, disse Sílvio Menezes, que destacou que quando a política pública chega, ninguém pretende deixar os assentamentos.
O diretor disse que outro ponto de debate é a discriminação com as pessoas que vivem em barracos de lona. “Quem vive em lona é vagabundo, mas quando eu estou curando o seu bezerro, quando eu estou curando a sua vaca, eu sou cidadão de bem, poxa vida”, disse.
Professor em Corumbá, Sérgio Pereira disse que o atual projeto de educação que existe dentro dos assentamentos é para “esvaziar o campo”. “Para que a juventude saia do campo e vá para a cidade e deixe os territórios vazios, infelizmente. Nosso campo está compadecendo das pessoas, muitas vezes, vende um lote por conta disso, porque os filhos saem dali porque não têm nenhuma educação”, falou.
Para ele, o projeto é um dos modos de manter a produção agroecológica, que ajude a organizar a agroindústria, e consequentemente a gerar a renda, para que as pessoas não sejam obrigadas a viver as suas vidas longe dos assentamentos.
“Você mudar a educação daquele lugar, daquele território, você mexe em estruturas da sociedade. A reforma agrária mexe na estrutura da sociedade, na estrutura da produção. Você divide aquela terra e começa a produzir não só alimento, mas produz cultura”, disse Sérgio que salientou a importância de ocupar novamente as escolas do campo. Segundo o profissional, os espaços estão cada vez mais urbanizados.
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