Maioria concorda em mandar "sommeliers" de vacina para fim da fila
Proposta deve ser discutida pela SES junto a municípios de MS, mas pode esbarrar em questões jurídicas
Segundo enquete, 80% dos leitores concordam em jogar para o final da fila de prioridades as pessoas que resolverem escolher a vacina contra a covid-19, ao invés de tomar a que estiver disponível no momento de aplicação.
O questionamento surge em meio a proposta elaborada pela SES (Secretaria Estadual de Saúde), que já vinha sendo feita em alguns municípios, de instituir um sistema para evitar os "sommeliers" de vacina, como têm sido chamados pejorativamente os que atrasam calendário vacinal, inclusive o próprio, em busca de uma suposta melhor opção.
Ainda que tenha sido popular na visão de várias pessoas, como também do Cosems (Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de MS), o projeto tem gerado polêmica, já que para a OAB-MS (Ordem dos Advogados Brasileiros), não há embasamento jurídico para que tal medida seja feita.
O que as pessoas acham? Nos comentários do Campo Grande News, mais de 1,5 mil pessoas responderam se acham válido ou não esse tipo de medida.
O leitor Henry Areco, por exemplo, diz concordar com a proposta, ainda que entenda as particularidades de cada um. "Eu até sou a favor de escolher vacina. Porém, o momento no qual vivemos não é oportuno para isso. É preciso vacinar o mais rápido possível a todos".
Escolher neste momento não é pensar em sociedade. Escolher agora vai interferir em todo planejamento da campanha de vacinação, entre muitos outros problemas. Galera deixa pra escolher quando a vacina chegar nas clínicas particulares. Agora não".
A leitora Valéria Fabiana reitera que enquanto alguns, contemplados no calendário, se recusam a tomar determinada vacina por motivos não relacionados a questões médicas, mas sim à "achismos", outros "estão aguardando ansiosamente por sua vez".
Já a leitora Andressa Gonçalves usa do conceito bíblico do livre-arbítrio para tecer seu comentário. "A pessoa tem livre arbítrio sobre o próprio corpo, temos que respeitar".
Vacinas - A leitora Ale Sampaio discorda da medida e argumenta que "temos direito de escolha se tem disponível todas as elas no cronograma da pessoa".
Apesar disso, vale ressaltar que o Brasil não vive cenário de abundância de vacinas no País, sendo essencial imunizar o máximo possível de pessoas em menos tempo para garantir imunidade coletiva e retornar as atividades com máximo possível de segurança.
Em geral, especialistas dizem que a melhor escolha é a de se vacinar, independentemente de qual patente de imunizante esteja sendo distribuído, já que todas têm nível de eficácia aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e particularidades, já que nenhum imunizante no mundo, para nenhuma doença, poderá garantir com 100% de certeza a sua eficácia.
Durante um bom tempo, apenas a Coronavac era aplicada em MS - vacina que pode ter sido responsável pela queda de óbitos por covid de pacientes mais velhos, em março. Com o passar das semanas, a Astrazeneca foi inserida no rol de imunizantes, mas com algumas queixas de reações pós-vacinação - o que também é considerado normal, não apenas nas contra a covid, mas em diversos outros fármacos.
Somente em meados de maio o governo federal adquiriu vacinas da Pfizer e mais recentemente foram adicionadas as da Janssen, se tornando a "queridinha" de alguns. Apesar disso, mesmo com imunização em massa na fronteira, nem todas foram aplicadas e ainda assim há pessoas a recusando.