Em casa, Yeltsin comemora ano feliz com ouros no Parapan-Americano e no Mundial
A participação no Parapan-Americano em Santiago, no Chile, foi a última competição da temporada de 2023
O atleta paralímpico Yeltsin Jacques, de 32 anos, finalizou a temporada de 2023 com sorriso no rosto. Nascido em Campo Grande, ele representou Mato Grosso do Sul no Campeonato Mundial de Atletismo de Paralímpico, em Paris, na França, e nos Jogos Parapan-Americanos em Santiago, no Chile.
No sábado (25), na sua principal prova, ele acabou sendo desclassificado. Ele ficou em 2º lugar com tempo de 4m06s22. O atleta puxou o guia Edelson Ávila até a linha de chegada, o que é proibido por regra. Assim, ficou sem a medalha de prata. Todas as disputas foram na classe T11 (deficientes visuais).
Porém, isso não tirou a alegria de Yeltsin pelo ano dourado. Em 2022, ele ficou parte da temporada lesionado e não teve bom desempenho. Em 2023, ele competiu 'voando'. No Campeonato Mundial de Atletismo Paralímpico em Paris, na França, foi ouro nos 1.500 metros classe T11 e bronze nos 5.000 metros.
Em relação à participação em Santiago, o Brasil bateu recorde com 156 medalhas de ouro, 98 de prata e 89 de bronze. Yeltsin ganhou a primeira no atletismo.
Fechamos o ano com três medalhas, mas feliz porque estou livre de qualquer lesão. E foi um ano muito bom. Eu ganharia com certeza as duas provas em Santiago. Fui ouro e bronze na França", relatou o atleta.
Ele disse que recebeu muitas mensagens de apoio depois do ouro e da desclassificação no Pan. "O pessoal sempre manda abraço, tem muito carinho por a gente". Sobre a competição em Santiago, ele avaliou a participação do Brasil, que teve o recorde já citado.
"A gente encerrou com a melhor campanha da história do Brasil. O coordenador lá me abraçou. Desde que comecei a participar em 2011, sempre fizemos as melhores campanhas", ressaltou.
Yeltsin participou pela terceira vez seguida dos Jogos Parapan-Americanos neste ano. A primeira vez foi em Guadalajara, no México, em 2011; depois em Toronto, no Canadá, em 2015; Lima, no Peru, em 2019, e agora em Santiago.
Preparação para 2024 - Depois de tirar esta semana de 'folga', Yeltsin voltará com foco e força para a sequência de um ano paralímpico. Ele não esconde que o objetivo é trazer para Mato Grosso do Sul duas medalhas de ouro dos Jogos de Paris. Está previsto para o final de agosto e começo de setembro.
Por ter conquistado ouro no Mundial, ele já tem a vaga garantida para os Jogos Paralímpicos. O Mundial do ano que vem será disputado em maio no Japão.
"As expectativas para 2024 são as melhores possíveis. É um objetivo trazer as duas medalhas do Mundial e as duas dos Jogos Paralímpicos. Tem que chegar bem para começar o trabalho ainda neste mês em Campo Grande", avaliou.
Ele pretende se preparar também na Colômbia, Bolívia e na pista de atletismo do Parque Ayrton Senna, na Capital. Perguntado sobre os detalhes, Yeltsin explicou que corre cerca de 150 km por semana e que terá o ritmo forte para 2024. Com 32 anos, ele almeja uma nova prova para Paris. "Quem sabe uma maratona, né?".
Começo de carreira - Ele disse que começou a correr no Circuito Sesc lá em 2006. Antes disso, o atleta chegou a praticar judô. "Um dia um amigo me chamou para correr e eu fui. Não sabia alguma coisa de corrida. Eu ainda enxergava, mas muito pouco", relembrou.
No dia do evento, ele chamou atenção pelo ótimo desempenho, disse que muitas pessoas ficaram admiradas com a habilidade. Depois disso, foi chamado para competições no Estado e em 2007 já começou a competir na categoria escolar.
"Eu entrei para seleção de jovens com 17 anos. Eu fui para o meu primeiro campeonato mundial de jovens em 2009 nos Estados Unidos", destaca. A partir daí, foi crescente na carreira. Em 2011, ele já estava competindo nos Jogos Parapan-Americanos, sediado em Guadalajara.
Além de Campo Grande, ele também morou em São Paulo, Campinas, Limeira entre 2015 e 2016. Entre idas e vindas, o atleta sul-mato-grossense retornou para o Estado quando tinha uma estrutura boa para treinamento.
Em 2022, inaugurou a nova pista de atletismo do Parque Ayrton Senna, no Aero Rancho. Isso foi determinante para a volta definitiva. "Se não fosse a pista, na época de competições a gente estaria fora, em São Paulo ou na Bolívia. A pista do Parque a gente usa três vezes na semana".
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