Fundado em 1938, Operário faz 79 anos sem motivos para comemorar
O Operário Futebol Clube, de Campo Grande, que já foi referência do futebol na região Centro-Oeste, e principal meio de divulgação e promoção de Mato Grosso do Sul em nível nacional, completa, nesta segunda-feira, 79 anos de sua fundação, ocorrida em 21 de agosto de 1938, mas sem motivos para comemorar, a não ser o seu passado de glórias.
Seu primeiro presidente, o pintor Plinio Bittencourt, e todos os demais operários da construção civil de Campo Grande que se uniram na época para criar o clube nunca poderiam imaginar que o Operário chegaria a 2017 da forma em que se encontra: sem sede própria (a área administrativa funciona improvisada no Clube Ypê), sem local de treinamento e dependente da voluntariedade e contribuições financeiras de alguns abnegados, cada vez mais raros.
Com dez títulos estaduais, um nacional (a conquista do Campeonato Brasileiro Modulo Branco, equivalente a Série B, em 1987), e dois em torneios internacionais na Rússia, em 1973, na Coréia do Sul, em 1982, é o terceiro lugar no Campeonato Brasileiro de 1977, quando foi eliminado na semifinal pelo São Paulo, o feito mais celebrado pelo clube e seus torcedores de ontem e de hoje.
O Brasileirão de 1977 reuniu os clubes campeões estaduais e os convidados da então CBD (Confederação Brasileira de Desportos) só terminou em março de 1978 com o São Paulo campeão e o Atlético Mineiro vice. Na semifinal, o Operário encarou o São Paulo em jogos de ida e volta.
Com melhor campanha, o time campo-grandense fez o primeiro jogo no Estádio do Morumbi, em São Paulo, e o segundo no Estádio Morenão, em Campo Grande. O jogo de ida terminou 3 a 0 para o São Paulo, que só chegou ao primeiro gol aos 32 minutos do segundo tempo, e nesse dia foi registrado o recorde de renda do campeonato com 103.92 pagantes. No confronto da volta o Operário teria que vencer por diferença de quatro gols para garantir a vaga na final e venceu por 1 a 0, gol de Tadeu Santos.
“A história do Operário é muito cativante. Basta dizer que hoje 90% dos seus torcedores são jovens que não viram o time ser campeão. É a história do clube desde o período do amadorismo que faz a nossa torcida crescer. No jogo de estreia no Campeonato Estadual deste ano, contra o União/ABC, colocamos 6 mil torcedores no Morenão, isso é média de Copa Sul-Americana”, disse Ricardo Braga, de 30 anos, membro da torcida organizada “Esquadrão Operariano”.
Na época do amadorismo, o Operário foi campeão campo-grandense em 1938, 1942, 1945, 1966, 1968, 1969 e 1972. O último título amador do clube, em 1972, foi conquistado diante do rival Esporte Clube Comercial com vitória por 2 a 1 no Estádio Belmar Fidalgo. Depois disso, teve início a profissionalização do futebol local.
Fora da divisão principal do Campeonato Brasileiro desde 1986, e até mesmo da Série D, a quarta divisão, o time não conquista um título sul-mato-grossense há 20 anos. A última conquista foi no Campeonato Estadual de 1997. Este ano, chegou bem perto e acabou eliminado pelo Corumbaense na fase semifinal. Com melhor campanha, jogava por dois resultados iguais, venceu o jogo de ida em Corumbá por 1 a 0, mas perdeu a partida de volta em Campo Grande por 3 a 1.
Segundo Ricardo Braga, os torcedores fazem o que podem para manter viva a história do Operário e chamar a atenção de possíveis investidores e patrocinadores que possam contribuir para o resgate da força que o time já teve no passado. “A gente sempre se organiza para se juntar e falar do Operário, independente de resultados e de campeonatos. Não podemos deixar morrer uma história tão bonita”, ressaltou.
Confira a classificação do Operário nas 10 vezes em que disputou a divisão principal do Campeonato Brasileiro:
1974 – 20º lugar
1975 - 21º lugar
1977 - 3º lugar
1978 - 20º lugar
1979 - 5º lugar
1980 - 33º lugar
1981 - 8º lugar
1982 - 13º lugar
1984 - 11º lugar
1986 - 37º lugar