Salário de presidente da federação supera orçamento do maior time de MS
Eleito hoje ganhará R$ 215 mil, valor que pagaria contas mensais do bicampeão Operário
O novo salário para presidentes das federações estaduais e do Distrito Federal de futebol — conforme divulgado pela Revista Piauí — passará de R$ 50 mil para R$ 215 mil. O valor supera os custos mensais do Operário, bicampeão estadual.
RESUMO
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O novo salário de R$ 215 mil para presidentes de federações estaduais de futebol, aprovado pela CBF, supera o orçamento mensal dos finalistas do Campeonato Sul-Mato-Grossense. O Operário, campeão estadual, teve um déficit de R$ 100 mil mensais, enquanto o Ivinhema contou com um orçamento total de R$ 450 mil para três meses. Clubes criticam a decisão, afirmando que o valor poderia transformar a realidade do futebol local. A FFMS não confirmou a informação e destacou que seu presidente interino não recebe salário.
O repasse da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) é 10 vezes maior que o salário aprovado para a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), que é de R$ 21.263,62 para administrar a cidade.
Os dois finalistas do Campeonato Sul-Mato-Grossense Série A de futebol masculino tiveram receitas mensais inferiores ao valor do novo salário. A eleição para a presidência da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) ocorre nesta terça-feira (8). Ao todo, 51 filiados estão aptos a votar na Assembleia Geral Extraordinária da entidade, marcada para o Grand Park Hotel, em Campo Grande. A reunião começou a portas fechadas há pouco.
Todos os representantes de clubes ouvidos pela reportagem afirmaram que o valor de R$ 215 mil “mudaria a realidade” das equipes no Estado. O campeão estadual deste ano foi o Operário. Em entrevista recente, o presidente do clube, Nelson Antônio da Silva, afirmou que teve um prejuízo de R$ 500 mil para disputar o campeonato.
Antes da final, ele já havia detalhado o orçamento mensal do clube e relatado déficit de R$ 100 mil. “A despesa calculada no planejamento para este estadual é de R$ 250 mil por mês. O clube tem uma receita de aproximadamente R$ 150 mil. Isso é um fator dificultador. Isso só no estadual, que é um valor muito considerável.” O salário de R$ 215 mil seria, portanto, R$ 85 mil maior que a receita mensal do clube.
Nelson disse não acreditar na veracidade da informação. “Acho que essa notícia não é verídica pelo que a gente conhece. Se for, chega a ser um absurdo, porque clube nenhum aqui do Estado tem um orçamento desse. Acho que isso é especulação. Precisamos trabalhar no sentido de que o dinheiro seja investido nos clubes. Não pode existir clubes miseráveis e uma federação forte.”
O outro finalista da competição foi o Ivinhema. A equipe teve como principal patrocinador a prefeitura da cidade, distante quase 300 km da Capital. Segundo o presidente João Riquelme, o orçamento total para os três meses de competição foi de R$ 450 mil. Ou seja, no mesmo período, o valor que seria pago ao presidente da federação ultrapassa R$ 645 mil.
Representante do Águia Negra na votação, André Evandro disse que um valor como esse mudaria a realidade de qualquer clube. “Então, eu não posso afirmar, porque nem sei se esse é o salário do presidente. O que a gente vê é notícia. Agora, a realidade é outra, né? A gente não sabe.”
O representante do Costa Rica será o vice-presidente do clube, Maikel da Costa. Ele criticou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, e afirmou que o dirigente já se organizou para permanecer no cargo até março de 2030. “No nosso âmbito geral, todos os clubes de Mato Grosso do Sul passam por dificuldades. A gente vê que o nível do nosso campeonato é muito baixo, justamente por causa da falta de incentivo. Agora você vê, por exemplo, um presidente de federação que vai receber um salário de R$ 215 mil. Esse dinheiro poderia ser revertido de outra forma para os clubes, para transformar o futebol do Estado.”
Por meio da assessoria de Comunicação, a FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) não confirmou a informação e disse que o presidente interino, Estevão Petrallás não recebe salário.
Entenda - Presidentes das federações estaduais e do Distrito Federal passarão a receber salário mensal de R$ 215 mil. A decisão foi aprovada em assembleia da CBF, sob a justificativa de profissionalizar a atuação dos dirigentes.
O novo valor supera o teto do funcionalismo público, hoje fixado em R$ 44 mil, e também os salários de chefes de Estado de diversos países. Até então, os presidentes das federações não recebiam remuneração direta pelo cargo.
A proposta foi aprovada em assembleia — conforme a Revista Piauí — com a presença de representantes das 27 federações e de clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro. A CBF ainda não divulgou nota à imprensa nem esclareceu oficialmente o reajuste.
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