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Arquitetura

Em restauro, Igreja São Benedito terá centro cultural e “canto sagrado”

Igreja será restaurada e seu entorno requalificado para fortalecer as tradições, turismo e lazer na região.

Thailla Torres | 12/07/2021 10:45
Foto do projeto disponibilizada exibe transformação e mudança de local do busto. (Foto: Divulgação)
Foto do projeto disponibilizada exibe transformação e mudança de local do busto. (Foto: Divulgação)

Uma live na próxima sexta-feira (16) vai revelar detalhes, fotos e vídeos do projeto de restauração Igreja São Benedito e requalificação do seu entorno, Comunidade Tia Eva, uma das mais antigas e tradicionais de Campo Grande. A transmissão será a partir das 10h da manhã, na página da Sectur (Secretaria de Cultura e Turismo de Campo Grande) no Youtube.

O projeto que será apresentado foi pautado em “eixos” que envolvem religião, cultura, turismo, educação e lazer, com objetivo de restaurar a igreja e a valorizar sua imagem enquanto “objeto central do Centro Cultural Tia Eva”.

Entre as principais mudanças está o espaço interno da igreja será restaurado e terá um novo altar para abrigar e evidenciar a estatueta de São Benedito, em madeira, trazida de Goiás por Tia Eva em 1905. O espaço interno da Igreja é destinado para a realização das novenas e também como memorial, que contará com sistema de áudio, que possibilitará que o visitante ouça as histórias sobre a Igrejinha em homenagem a São Benedito, sobre a Tia Eva e sobre a Comunidade Quilombola.

O projeto ainda apresenta requalificação dos espaços que servem de extensão da Igreja de São Benedito para a realização dos festejos centenários em homenagem ao santo, geralmente nos meses de maio, assim como servem de apoio para as diversas manifestações culturais que são realizadas nas dependências do Centro de Difusão da Cultura AfroBrasileira.

Para fortalecer o turismo, haverá criação de um espaço para abrigar um Centro de Atendimento ao Turista (CAT), que serpa gerido em conjunto com a comunidade, principalmente para o desenvolvimento do turismo de base comunitária e venda de produtos artesanais locais.

O eixo educacional se pauta na criação de uma sala para abrigar o Telecentro, programa de educação digital ofertado pela Comunidade, além de abrigar materiais de pesquisa sobre a Tia Eva, sua Igreja e sua Comunidade. A educação patrimonial poderá ser realizada também com a interpretação do patrimônio por meio de placas informativas em pontos estratégicos para que o visitante possa conhecer a história do local e de seus personagens.

Para o lazer, haverá criação de uma pequena praça que integra a Igreja de São Benedito e o seu entorno. A proposta cria o “canto do sagrado” que abriga o Busto da Tia Eva, que será realocado, e o Cruzeiro, como um convite e recepção ao Centro Cultural e a Praça Cultural com áreas sombreadas, bancos e espaços para feiras e manifestações culturais, como rodas de capoeira.

As escadarias poderão ser utilizadas como pequenas arquibancadas. Haverá também instalação do novo campanário, como forma de evidenciar o sino já existente, acessibilidade,  iluminação e paisagismo afetivo, com a presença de plantas como arruda, espada de São Jorge e destaque para o pé de mangueira.

Todas essas mudanças no local fazem parte do “Projeto de Restauração e Requalificação” que foi selecionado no edital de 2019 do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura (FMIC). Em julho de 2020 a equipe iniciou o projeto que já percorreu diversas etapas, como oficina de cocriação, identificação e conhecimento do Bem, diagnóstico, proposta de intervenção e agora irão apresentar os resultados finais do projeto que denominaram de “Centro Cultural Tia Eva” em homenagem a líder religiosa e uma das fundadoras da capital sul-mato-grossense.

O projeto foi coordenado pelo arquiteto e urbanista, Eduardo Melo, além da equipe que é formada pelos arquitetos João Santos, Regina Maura Lopes Couto Cortez e Rayssa Almeida que é integrante da Comunidade Tia Eva e o engenheiro civil Luiz Henrique Dantas da Silva.

Segundo o projeto, a escolha da Igreja de São Benedito para receber restauração se deu pela sua relevância cultural, evidenciada pelos tombamentos estadual e municipal, bem como de seu atual estado de conservação. Além de ser uma forma de garantia da permanência dos espaços necessários para as manifestações das tradições afro-brasileiras em Mato Grosso do Sul e dos ritos de fé que envolvem a centenária Festa de São Benedito.

História -  A igreja da Comunidade Tia Eva foi fundada pela ex-escravizada Eva Maria de Jesus, em 1919, como promessa após ser curada de uma grave doença. Em 26 de abril de 2008, a Fundação Cultural Palmares concedeu a Certidão de Autodefinição como Comunidade Remanescente de Quilombos aos descendentes de Tia Eva que abrigam o local desde 1905. Em 1996, a igreja foi tombada pelo município. No dia 5 de maio de 1998, a Igrejinha de São Benedito recebeu o tombamento definitivo como parte do Patrimônio Histórico de Mato Grosso do Sul.

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