Begèt volta aos palcos e lembra da noite violenta que mudou sua vida
Cantor foi esfaqueado na região central da cidade, ficou em coma e agora retorna aos poucos, recuperado
Por Idaicy Solano | 22/01/2025 07:46
Em meio à ansiedade e felicidade por voltar a se apresentar, o artista comenta sobre a noite em que foi vítima de uma agressão. (Foto: Juliano Almeida)
Após três meses afastado para se recuperar de um episódio de violência sofrido no Centro de Campo Grande, Begèt de Lucena se prepara para retornar aos palcos e apresentar seu novo trabalho, Pau, Pedra e Corda.
Em meio à ansiedade e felicidade por voltar a se apresentar, em entrevista ao Lado B, o artista comenta sobre a noite em que foi vítima de uma agressão que marcou e mudou sua vida, levando-o a "despertar" para um novo eu.
Begèt afirma que se lembra de tudo a respeito da noite de 11 de outubro de 2024, data em que ocorreram as agressões. Ele foi vítima de seis facadas na região central da cidade, chegou a entrar em coma, precisou ser intubado e recebeu alta após 13 dias de internação.
Ele relata que havia passado pelo circuito de bares da região e estava voltando para o grupo de amigas quando foi surpreendido por um dos agressores. Segundo o artista, tudo aconteceu de forma “muito aleatória e de repente”, e, quando se deu conta, já estava sendo cercado por oito pessoas.
“Eu estava retornando quando um dos meus agressores passou por mim. Ele fez um gesto e disse: ‘Você quer puxar a minha?’ [tocando a cintura]. Eu não entendi e, por reflexo, fiz exatamente igual. Ele achou que eu tinha [uma faca] também. Aí ele foi chamando os outros, e então aconteceu tudo”, relembra.
Begèt detalha que, na época, só parou para refletir sobre o que havia acontecido e no “milagre” de estar vivo quando acordou no hospital. “Quando algo assim acontece, é muito marcante na vida de uma pessoa. Você não imagina que vai passar por um acidente desse tipo e sobreviver. Então, eu fui experimentando esse sabor de estar vivo, o sabor de, poxa, passou, passou.”
As pessoas falam sobre segunda chance. Eu penso que a proteção foi muito imediata; fui superprotegido pelo divino em que acredito. A partir desse evento e de todo o processo de recuperação, a gente se torna muito reflexivo sobre o nosso propósito no mundo. Fico pensando no meu propósito e no motivo de ter sido preservado. Vivo meus dias agradecendo por ter sobrevivido e buscando entender esse sentido: por que fui mantido? Por que permaneci?"
Nesses três meses de recuperação, ao lado da família e amigos, Begèt pondera que o amor e o cuidado das pessoas que o cercam foram as principais marcas deixadas pelo episódio de violência sofrido no ano passado.
“Eu fico observando essas pessoas e o que elas passaram nesse processo, com medo de me perder, todo o acontecido, a gravidade disso, a violência disso, e isso é o que mais me sensibiliza. Só penso nas pessoas que me amam, no que elas passaram, e que eu preciso cuidar dessas pessoas que, em algum momento, ficaram preocupadas e cuidando de mim”, expressa.
Para o artista, o crime aconteceu de forma absurda, e ele critica a ação dos criminosos, que agem “banalizando” a vida das vítimas e transformando a região central da cidade, que deveria ser um espaço de cultura e lazer, em um lugar inseguro. Por isso, ele acredita na importância de haver justiça e uma resposta à população sobre a segurança em locais públicos e de lazer.
“É meio bruto dizer isso, mas as pessoas não querem saber quem matou; querem saber quem morreu, sempre culpando a vítima ou tentando buscar um motivo que justifique o que aconteceu. Eu não tenho essa resposta. Espero nunca mais passar por isso na minha vida e, mais ainda, que ninguém passe por isso”, comenta.
De volta aos palcos
Begèt estará de volta aos palcos no dia 31 de janeiro, para apresentar seu novo trabalho, Pau, Pedra e Corda, um show que promete explorar a poesia e as profundezas culturais do Brasil. Em entrevista ao Lado B, o artista expressou sua felicidade e ansiedade por finalmente retornar ao seu “lugar seguro” na Terra: o palco.
“É clichê um artista falar isso, mas o palco é o lugar onde me sinto pleno. Costumo dizer que, sobre a terra e debaixo do sol, é onde me sinto mais seguro. Estou passando por esse processo de recuperação, de estar mais em casa, de estar mais com os meus, de olhar mais para mim mesmo e me cuidar. Então estou ansioso para trabalhar, ansioso para fazer o que faço”, destaca.
Para 2025, o artista adianta que pretende retomar, em parceria com o Teatro do Mundo, um antigo projeto de monólogo que realizou há dez anos e marcou o início de sua carreira também no teatro. “A gente quer, a partir desses novos eventos e desse milagre, dar continuidade a esse trabalho”, revela.
O cantor irá se apresentar no dia 31 de janeiro, na Estação Cultural Teatro do Mundo, localizada na Rua Barão de Melgaço, nº 177, no Centro de Campo Grande. Informações sobre os ingressos podem ser obtidas pelo número (67) 99696-9774.
