Em sintonia, dança fez casal embalar numa história de amor e arte

Foi através da dança que Fernanda Santa Rosa e Chrysthyam Santos se conheceram e embarcaram numa história de amor e arte, em Campo Grande. Em busca de aprendizado, o caminho da professora de Inglês cruzou a trajetória do professor de dança e transformou a vida do casal. Aos poucos, entraram em sintonia e por meio do movimento do corpo, hoje buscam ressignificar a dança.

“A dança é quando meu corpo fala o que minha voz não dá conta de dizer. É uma escuta sensível minha com o outro, com o universo que as pessoas carregam dentro de si, uma parte fundamental para continuar viva”, destaca Fernanda. Aos 29 anos, ela relata que a dança está em sua vida desde a infância.

“Minha história com a dança é antiga, desde os 13 anos. Dançava balé clássico e dança contemporânea também. Tive breve contato com dança de salão em 2017 e fui voltar a se interessar novamente só em 2019, quando comecei a fazer aula de samba e me falaram para fazer aula de zouk”, lembra ela.

A dica foi interessante, porém, Fernanda não gostava do estilo. Nesse tempo, uma pessoa comentou que tinha um professor de dança chamado Chrys, que poderia ajudá-la a desenvolver o ritmo. “Era o Chrysthyam. Falaram que me daria aula do jeito que gostaria, então entrei em contato com ele e iniciamos as aulas”.

Chrys tem 20 anos e além de professor, também é militar. Veio de Curitiba para viver em Campo Grande em 2014, ano em que teve o primeiro contato com a dança. “Foi através de um projeto de dança de salão na escola, mas foi rápido. Em 2015 decidi entrar nesse universo”, conta ele.

Desde então, a arte passou a fazer parte de sua vida e foi através dela, que o caminho de Chrys e Fernanda se cruzou pela primeira vez. “A gente se conheceu num baile de dança de salão em 2017, mas só voltamos a ter contato em 2019, quando o procurei para ter as aulas de zouk”, recorda Fernanda.

Aos poucos, os dois foram se conhecendo, se tornaram amigos e hoje estão namorando. “Estamos juntos há um ano. Nosso reencontro foi engraçado porque eu era a aluna que mais questionava, pois como tinha um pouco de consciência de dança, alguns conceitos se colocavam de frente um do outro”, comenta ela.

Disposta a aprender e também a entender o motivo de cada passo da dança, ela tentava não ficar com dúvidas. “Sempre questionei o motivo por ter que fazer algumas coisas, foi numa época que estava descobrindo que na dança de salão, alguns estereótipos retribuíam ao machismo. Os questionamentos foram novos, pois ele sabia que era daquela forma e só reproduzia”, conta a namorada.

Aos poucos, o casal foi conversando mais a respeito da dança. “Ele foi se abrindo mais para o que eu estava dizendo porque, antigamente na dança de salão, quem conduzia era o homem. O condutor era o cavaleiro e a conduzida a dama. Também tinha um conceito chato que era ‘dama boa não pensa, só responde à condução’. Não gostava disso”, fala Fernanda.

Para ela, o conceito precisava mudar para que a arte fluísse melhor. “Ao invés de ser só pergunta e resposta, poderia ter um diálogo na dança”, destaca. A partir disso, o casal passou a se entender mais e Chrys convidou Fernanda para ser sua parceira.

“Começamos a explorar mais o lado da dança, que não fica preso ao conceito antigo. Juntamos com a ideia de honrar a pessoa com uma dança, pois é um corpo que carrega uma história. Ela passou a ser vista como diálogo e sensibilidade, e a gente liga para a técnica, pois ajuda a não machucar. Contudo, não é uma prisão”, afirma ela.

O casal passou a ter ainda mais cautela com o corpo um do outro. “Como a gente respondia ao movimento. A gente reproduz muitas coisas que ensinaram, mas o Chrys é uma pessoa disposta e transformou a dança no nosso diálogo”.

A parceria do casal fez surgir o perfil no Instagram Chrys e Fernanda, onde os dois compartilham vídeos com os seguidores. “É para mostrar nosso trabalho, o que estamos vivendo e aprendendo”, dizem.

Atualmente, os dois moram juntos e a convivência permite o casal treinar ainda mais. Neste ano, no Dia dos Namorados, Chrys e Fernanda se apresentaram numa live solidária da campanha do agasalho, que foi transmitida pelo Youtube.  “Isso ajudou a gente perder um pouco a vergonha. Já tínhamos o costume de se filmar para ver onde poderíamos melhorar”.

A sintonia do casal chamou atenção nas redes sociais e logo surgiram alunos. Hoje, eles dão aula de dança de salão, como samba, bolero, forró, vaneira, chamamé e zouk. No entanto, todos os encontros seguem os padrões de biossegurança, para evitar propagação do coronavírus.

“As aulas não têm dias fixos, por conta do meu trabalho como militar. Mas, a gente conversa com o aluno e combina os dias e horários. Fazemos um pacote de quatro aulas, com duração de uma hora cada e estipulamos um valor”, explica Chrys.

Nas aulas, é Chrys quem mais fica com a parte teórica, mas também conta com a ajuda da parceira para ensinar. “Fico à vontade para conversar sobre o que sei do conteúdo. São muitas coisas para aprender e a gente tem que tomar um cuidado com o corpo do outro. Ainda estou criando meu repertório”, diz Fernanda. “No zouk, ela já tem bastante propriedade”, complementa o parceiro.

Além de ter ajudado Chrys a encontrar o amor, a dança também o salvou. “Ficou comigo quando ninguém mais estava, mudou minha vida e continuo aprendendo muito com ela”, destaca ele.

Hoje, o casal faz planos de viajar e ajudar a transformar a arte de dançar. “A dança está mudando e muda as pessoas. Queremos participar dessa transformação, receber e trocar experiências, e colaborar com o que está acontecendo e com o que pode acontecer na dança”, concluem.  Confira o vídeo do casal dançando, gravado por  Ariel Ribeiro.

 Serviço -  Os interessados em aprender dança com Chrys e Fernanda podem entrar em contato com o casal através do perfil @chrysefernandaa ou pelo número (67)9 9111-8684.

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