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Artes

Exposição no MASP terá Conceição dos Bugres e seu legado à arte de MS

Passados 37 anos de sua morte, consagrada artista ganha em abril uma mostra exclusiva no mais famoso museu da cidade de São Paulo

Raul Delvizio | 14/02/2021 13:22
Bugres de Conceição viraram símbolo da iconografia regional (Foto: Reprodução/MASP)
Bugres de Conceição viraram símbolo da iconografia regional (Foto: Reprodução/MASP)

Confirmada para o início de abril deste ano, a artista sul-mato-grossense Conceição dos Bugres receberá até janeiro de 2022 uma exposição individual e exclusiva dedicada à sua carreira de grande escultora. Detalhe: isso em um dos mais conceituados museus brasileiros, o MASP (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand).

Marcando os 37 anos de MS sem a própria Conceição, que faleceu no início dos anos 1980, a mostra de agora revela o legado artístico inquestionável que ela deixou não só para o estado, mas como o Brasil e o mundo. Sua produção dos chamados "bugres" – figuras sintéticas humanas de traços indígenas – levaram a ser considerada a mais importante escultora do Centro-Oeste e simbolizam o que há de mais valioso para iconografia regional.

Conceição dos Bugres nos anos 1970 (Foto: Roberto Higa)
Conceição dos Bugres nos anos 1970 (Foto: Roberto Higa)

Infelizmente, demorou para que a artista ganhasse esse reconhecimento, já no final da vida. O esforço da crítica Aline Figueiredo e do artista plástico Humberto Espíndola em sua defesa contribuiu para que o trabalho de Conceição dos Bugres ganhasse até destaque internacional, com exposições em países como Espanha e França.

Com curadoria de Amanda Carneiro e Fernando Oliva, a mostra de Conceição no Masp marcada para abril faz parte da série "Histórias Brasileiras", em que o próprio museu realiza exposições dedicadas a grandes nomes femininos no universo da arte.

É com orgulho dizer que não somente Conceição dos Bugres se encontra na história artística de Mato Grosso do Sul, mas também na jornalística. Uma das primeiras reportagens do Lado B, há 10 anos atrás, inclusive, mostrou um legado para além das esculturas: um vestido simples e florido, pendurado em uma salinha logo na entrada da casa, onde filha e neto ainda guardam com carinho.

A exposição "Conceição dos Bugres" do MASP acontece de 9 de abril até 30 de janeiro de 2022. Mais informações podem ser encontradas no site oficial do museu.

História – Conceição Freitas da Silva (Povinho de Santiago, RS / 1914 – Campo Grande, MS / 1984) foi uma artista singular para a história da escultura no Brasil, reconhecida por sua produção dos chamados "bugres", trabalhos comumente esculpidos em madeira e cobertos por cera de abelha ou parafina e tinta, mas que também podem ser realizados em pedra sabão ou arenito.

Apesar de apresentarem um certo padrão, suas esculturas denotam traços fortes e variadas singulares "personalidades", às vezes sutis outras mais aguçadas, modificadas em favor da forma além da expressão artística – é sua essência.

Por mais que repita o mesmo padrão – tanto na forma quanto na estética – Conceição conseguia revelar uma assinatura pessoal ao mesmo tempo que expressava personalidades particulares para cada uma de suas esculturas (Foto: Reprodução/MASP)
Por mais que repita o mesmo padrão – tanto na forma quanto na estética – Conceição conseguia revelar uma assinatura pessoal ao mesmo tempo que expressava personalidades particulares para cada uma de suas esculturas (Foto: Reprodução/MASP)

Só foi nos anos 1970 que Conceição dos Bugres ficou de fato mais reconhecida. Roberto Pontual (1939-1994) foi um de seus principais divulgadores, ecoando o papel iniciado por Humberto Espíndola e Aline Figueiredo. Em sua carreira, participou da exposição "Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois", além da 3ª Bienal Nacional, em São Paulo. Porém, essa visibilidade nunca se converteu em ganhos materiais – Conceição faleceu pobre, em 1984.

Atualmente, o trabalho da artista se encontra na coleção do Museu Afro Brasil e do Itaú Cultural, além de constar em importantes coleções privadas brasileiras. Após a morte da matriarca, seu trabalho foi continuado pelo marido Abílio e, ainda hoje, seu neto Mariano Antunes Cabral Silva.

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