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Artes

Filme fala do desafio de achar dedicatória certa para livro de Manoel de Barros

Anny Malagolini | 10/08/2013 08:15
Gabriel e a tentativa frustrante de escrever uma dedicatória (Foto: Divulgação)
Gabriel e a tentativa frustrante de escrever uma dedicatória (Foto: Divulgação)

A dificuldade em escrever uma dedicatória digna para uma mulher especial em um livro do poeta Manoel de Barros foi o suficiente para o gaúcho Gabriel Gomes produzir um curta-metragem sensível, emocionante. Os caminhos que percorreu até encontrar a palavra certa e entregar o presente traçam o roteiro de "Dedicatória".

A escolha da obra foi fácil, o livro favorito da aniversariante: "Poesia Completa". Já escolher as palavras certas fez o diretor entrar em uma viagem subjetiva que acabou gerando o filme e uma declaração de amor dupla, à amada e ao poeta. O princípio é a pergunta: "Será que existe uma fórmula para colocar um par de palavras numa pilha de sentimentos? Como será que se faz poesia para dizer tudo que a gente sente, sem ser clichê".

Um apenas “Eu te amo” não tingiu as folhas, não por falta de amor, mas pela imensidão da obra e o desafio de deixar algo tão digno registrado na primeira página.

Por isso, Gabriel comprou passagens e veio a Campo Grande em busca das palavras certas, com a ideia de que o “mato” traria a exatidão da dedicatória.

No filme, ele percorre ambientes comuns para quem mora aqui, como o Parque das Nações indígenas, Estádio “Morenão”, as ruas da cidade, e por onde anda vê a poesia simples de Manoel.

Fica evidente em cada imagem do curta de 12 minutos o quanto as palavras redigidas nas 487 páginas do livro inspiraram Gabriel que também lembra de Estela, a esposa do poeta, companheira de uma vida.

“Nesse momento, pensei em registrar toda essa trajetória de uma forma experimental, para ver se dali saía talvez um curta, um documentário, uma dedicatória. Passei 3 dias lá sozinho, levando o livro pela cidade, pelo meio do mato, no meio dos bichos e afins”, lembra em texto sobre o filme.

Quando a narrativa poética parece ter chegado ao fim, a parte documental surge para fechar o curta. Aos 96 anos, Manoel de Barros aparece para por fim ao desafio da dedicatória. Com a fala amaciada pela idade, o poeta lembra que o simples é o que toca melhor e pontua o texto direto à aniversariante com um “com amor”, segundo ele, ensinado pelo colega Ziraldo. "Agrada todo mundo", comenta Manoel no vídeo.

O desfecho, não apresentado ao público pelo filme é o que Gabriel fez depois do curta editado. “Entreguei para ela o livro com um laço de presente, na Casa de cultura Mário Quintana (Porto Alegre). Mas antes que abrisse o livro para ver a dedicatória, fomos até umas das salas de cinema de lá e passei o curta numa sessão fechada para ela.” 

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