Fotos analógicas do cotidiano são refúgio silencioso para Francisco
Francisco, artista de muitas faces, retrata um mundo de momentos que não prestamos atenção
A fotografia nasce num terreno pantanoso para Fransico Canarin; é o refúgio silencioso no qual remanesce, em parte, sua identidade artística. Analógico, como tudo que é bom, ele retrata um universo urbano, de amizades e situações particulares que pinçam momentos “desapercebidos” de nossa vida.
“A fotografia, principalmente a analógica, me fez perceber o silêncio. Ainda que ao redor de inúmeras pessoas, do barulho, da adstringência da cidade, ainda assim, por detrás da objetiva e do derradeiro clic e registro, há um abismo de silêncio – como um lapso temporal fragmentado, que nem mesmo a fotografia conseguiu captar. E, muitas vezes, em meio à multidão, é assim que nos sentimos: um lapso; um momento abismado nele mesmo e para sempre esquecido...”
As fotos são postadas em seu Instagram, o @capichechico.analog, e trazem um mundo familiar, mas que geralmente não prestamos atenção. São “lapsos” de nossas vida, que não vemos.
“E acho ser por isso mesmo que me dedico – ao menos por hora – à fotografia desse tal “cotidiano”. E, principalmente, daquilo que deixa de ser visto. A câmera como extensão minha, como extensão do que vejo, é isso: o não visto. Bom, mas nada impede que eu me encante, por exemplo, por algo totalmente oposto a isso. Mas, ainda assim, fotografar esse “peso social de ter nascido em meio a tanta gente esquecida de Deus”, teima em ser algo – até onde vejo – que necessita ser lembrado”.
A maioria das fotos é feita com máquinas analógicas. “Uma vez me perguntaram do porquê de fotografar com analógicas, por exemplo. Daí eu respondi que a máquina parece condensar em si mesma toda a história. É como resgatar o presente no passado, e esperar que ele “revele” o futuro... é bonito”.
Francisco é um artista multifacetado. Você já viu ele aqui no Lado B por meio de suas tiras. Além disso, ele acaba de lançar um EP com músicas autorais.
“É como diz Oscar Wilde: “definir, é limitar”. Podemos ser tudo agora, ao mesmo tempo. Então, se a coisa for analisada dessa forma, fica bem mais fácil entender o diálogo entre duas expressões artísticas. Nada garante que a música que eu fiz, por exemplo, seja diferente da foto que tirei, ou da ilustração que fiz, ou da crônica que escrevi... são coisas que muito naturalmente se contemplam... ou deveriam...”.
Acompanhe o trabalho de Francisco com fotos neste link.
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