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Artes

Juvenal precisou de ‘milagre’ para criar estátua de João Carreiro

Artista estava com agenda cheia e, por sorte, irmão conseguiu viajar 1.190 km para dividir o desafio

Por Aletheya Alves | 31/05/2024 06:54
Juvenal, do lado esquerdo, e Jonnas, do lado direito da imagem. (Foto: Arquivo pessoal)
Juvenal, do lado esquerdo, e Jonnas, do lado direito da imagem. (Foto: Arquivo pessoal)

Quando foi convidado para criar uma estátua de sete metros em homenagem a João Carreiro, o artista Juvenal Irene só conseguiu pensar que precisaria de um “milagre” já que o tempo seria curto, ainda mais pensando na sua agenda cheia até com uma viagem ao Canadá. Apaixonado por viola caipira e sertanejo raiz, o goiano decidiu que não abriria mão do projeto e, para fazer tudo funcionar, deu sorte de ter um irmão também artista que aceitou viajar 1.190 km para fazer o serviço acontecer.

“Meu irmão veio e ficou aqui trabalhando comigo, por conta dessa ajuda é que foi possível. Só com minha agenda era necessário um milagre e a presença dele foi uma faceta disso”, resume Juvenal sobre a parceria com Jonnas Irene durante os últimos três meses.

Para quem está por fora do assunto, a estátua é uma homenagem que será instalada no CLC (Circuito de Laço Comprido), em Campo Grande. A inauguração do monumento durante o dia 12 de junho se integra a uma série de ações envolvendo a memória do sertanejo, como a “Comitiva JC”, em que diversos nomes da música irão se reunir para a gravação de um tributo ao músico.

Enquanto o ateliê de Juvenal fica localizado em Parati, no Rio de Janeiro, Jonnas mora em Anápolis, Goiás. Durante suas trajetórias, os dois trabalharam juntos em Goiás, mas Juvenal acabou deixando o estado para atuar em outros locais. Mas, graças à coincidência de agendas, os dois se uniram mais uma vez para dar forma à homenagem.

Empolgados com o trabalho, Juvenal explica que o pai era catireiro e toda a família foi criada na área rural. “Eu sou um caipira nato e me orgulho disso, fui nascido e criado em fazendas, corruptelas e pequenas cidades em Goiás. Logo, a música caipira raiz, a moda de viola, fez parte da minha formação do gosto musical e sempre esteve presente nas minhas obras autorais, aquelas que nascem do tutano do osso e viram coisas tangíveis. Essas obras têm esse eco da minha formação musical, caipira”.

Estátua com mais de 7 metros será instalada no CLC. (Foto: Arquivo pessoal)
Estátua com mais de 7 metros será instalada no CLC. (Foto: Arquivo pessoal)
Cada etapa da produção era enviada ao CLC para aprovação. (Foto: Arquivo pessoal)
Cada etapa da produção era enviada ao CLC para aprovação. (Foto: Arquivo pessoal)
Rosto da estátua foi feita com argila sintética. (Foto: Arquivo pessoal)
Rosto da estátua foi feita com argila sintética. (Foto: Arquivo pessoal)

Voltando para a etapa de criação e produção da estátua, Juvenal explica que, apesar da dimensão chamar atenção, o maior desafio foi respeitar tudo o que a imagem precisaria contemplar. Com 54 anos de experiência, o artista já passou por diversas técnicas, materiais e tamanhos de produções, incluindo o enorme monumento Peão de Boiadeiro, em Barretos.

“A dificuldade nesse trabalho que homenageia o João Carreiro ficou por conta do que a obra se refere, a uma personalidade específica, sua natureza, seus códigos, seu modo de se dar a ver, sua identidade e tudo isso precisaria estar impregnado na figura. Então, essa foi a dificuldade, imprimir a personalidade porque o João tinha códigos muito específicos. Ele construiu uma imagem que fluía do seu interior ao longo dos anos”, detalha Juvenal.

Apesar de desafiador, o artista garante que não houve nada de “assombroso”, sendo realmente necessário apenas aplicar mais esmero.

Por ter sido um trabalho encomendado pelo CLC, ele relata que cada etapa da produção era enviada aos organizadores e para a viúva de João, Francine Pereira. Após a aprovação, o material seguia para a fundição.

Considerando as especificidades da obra, um conjunto de técnicas foi utilizado até chegar ao momento da finalização. “Na primeira etapa é feita uma gaiola de aço dando a forma básica, depois vem o revestimento com poliestireno, ele é tratado com celulose em dois estados. Há a fibra de vidro estruturando o sólido de polímero com carga mineral e em outra frente, o rosto dele é outra técnica, modelada com argila sintética e depois é criado uma forma para fundição”.

Para completar, com todas as peças unidas, o tratamento para dar aparência de bronze foi executado. E, a partir de agora, os cuidados são bem tranquilos, na opinião do artista.

“Ela nunca pode ser pintada, tem que ser lavada com sabão neutro e ser envernizada com verniz automotivo uma vez ao ano”, completa.

Polêmica

Em entrevista a portal Léo Dias,  Liliane Carreiro, alegou que Francine (viúva de João) não teve um relacionamento de três anos com o músico, conforme versão da viúva. Segundo Liliane, ela só começou a conviver com João como namorada em janeiro de 2023.

A família teria contestado, de acordo com a reportagem publicada no portal do jornalista, o evento em homenagem ao cantor que vai rolar no mês de junho, com tributo e instalação da estátua no Parque do Peão, que já chegou a Campo Grande e aguarda para ser instalada.

Em nota, o CLC defendeu Francine e garantiu que todas as homenagens estão mantidas.

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