Pelo Instagram, Ana Paula dá volta ao mundo em 50 livros
A leitura é o refúgio para enfrentar o período de isolamento e através da rede social, ela compartilha as experiências e obras
A leitura sempre foi um hábito, mas em época de pandemia também virou o refúgio de Ana Paula Martinho Saltão, em Campo Grande. É lendo as páginas e mergulhando nas histórias, que ela tem enfrentado o isolamento e aproveita o momento para dar a volta ao mundo em 50 livros. A experiência resultou no perfil do Instagram @anaentrelidos.
“Me propus a fazer uma volta ao mundo em 50 livros. Lerei livros de autores de 50 nacionalidades diferentes. Até agora fui ao México e à Itália e estou em Moçambique”, conta. O projeto foi criado no dia 23 de abril deste ano, no Dia Mundial do Livro.
O país que iniciou a proposta foi o México, com a obra “Festa no Covil”, que é narrado em primeira pessoa, por um menino. “Um filho de um narcotraficante mexicano que vive isolado e protegido. Retrata a violência através do olhar de uma criança”, comenta Ana em uma das postagens.
Aos 31 anos, ela atua como analista do Tribunal de Justiça do Estado e ressalta a importância de ler. “Como leitora, sempre dei muito valor a leitura, mas acho que nunca antes ficou tão claro o seu poder. A leitura tem sido meu ansiolítico natural. Fugir pra outros mundos é o que não tem me deixado pirar”, diz.
A ideia de compartilhar as experiências na rede social surgiu quando Ana Paula tentava recuperar seu perfil antigo. “Tinha perdido o acesso ao meu Instagram pessoal e tive que criar outro. Como esse novo, tinha menos seguidores, só os amigos mais próximos, então me senti mais à vontade em dividir um pouco do que eu lia e escrevia”.
Pouco tempo depois, ela recuperou a conta anterior e decidiu continuar com o “Ana Entre Lidos”, tornando-o um perfil literário. “Não foi por conta da pandemia, mas o fato de estar fazendo teletrabalho e ter que me adaptar a uma rotina nova, de ter que buscar um refúgio nessa loucura toda, me ajudou a investir mais nele”, explica.
No começo, o propósito era dar dicas de livros. “Falo que não faço resenhas ou críticas porque não me sinto muito capacitada para isso. Gosto de dividir como me sinto e o que aprendo com os livros que leio, além de mostrar um pouco do que escrevo e de toda arte que faço”.
Aos poucos, ela foi conquistando espaço e atraindo os seguidores. A interação tem sido quase automática e Ana Paula conta que até tem estimulado outras pessoas a criarem o mesmo hábito.
“Hoje tem gente que diz que os estimulei a voltar a ler ou os encorajei a publicar as coisas que escrevem também. Nunca achei que pudesse chegar a isso mesmo, mas acho muito bom que tenha conseguido e creio que virou um dos objetivos: fazer mais gente entrar para esse mundo incrível que é o da literatura”.
As leituras estão sendo compartilhadas através do IGTV, onde Ana Paula grava os vídeos falando sobre a obra que terminou de ler. Entre os livros já lidos estão: “A Ridícula Ideia de Nunca Mais te Ver”, de Rosa Monteiro e fala sobre como lidar com a morte; O Caderno de um Ausente; Uma Noite, Markovitch, entre outros.
“Confesso que tive que acelerar a leitura mensal para postar. Leio pelo menos quatro livros no mês porque mantenho uma média de postagem de um vídeo de livro lido, por semana”, diz. “Meus preferidos são ficções bem dramáticas, mas costumo variar a leitura. Assino dois clubes de livro, que enviam livros surpresa, todo mês, de todos os gêneros”.
Atualmente, Ana Paula tem vídeos falando de 14 obras que já leu esse ano. “Tem autora nacional contemporânea ‘O Peso do Pássaro Morto’, clássico da ficção científica ‘Flores para Algernon’, autora febre do momento ‘A Vida Mentirosa dos Adultos’”, cita.
Sobre a diferença entre os livros brasileiros e as obras de autores de outros países, ela comenta. “Não são todos os livros estrangeiros que tratam de temas essencialmente diferentes aos nossos, mas você consegue achar com facilidade livros que remetam à terra do autor, assim como nós também, em ‘Os Sertões’”, exemplifica
No entanto, as obras de autores da África chamaram bastante sua atenção. “Os livros africanos, pelo menos os que li, fazem isso com mais frequência e maestria: trazem temas e cenários que nos remetem à terra africana e ao seu povo e cultura. Daí acaba sendo mais envolvente justamente por ser mais diferente”, finaliza.
Para quem gosta de dicas de leitura, Ana Paula compartilha as ideias pelo @anaentrelidos.
Curta o Lado B no Facebook e no Instagram. Tem uma pauta bacana para sugerir? Mande pelas redes sociais, e-mail: ladob@news.com.br ou no Direto das Ruas através do WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563.