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Artes

Projeto faz catálogo de cerâmica indígena para registrar história de etnias

São aproximadamente 210 peças catalogadas das etnia Kadiwéu, Kinikinau e Terena. Projeto faz parte de curso de pós graduação e será lançado como parte das comemorações dos 40 anos de MS

Lucas Arruda | 22/10/2017 07:25
As cerâmicas produzidas hojem em dia tem função decorativa (Fotos: Marina Pacheco)
As cerâmicas produzidas hojem em dia tem função decorativa (Fotos: Marina Pacheco)

Uma importante vertente cultural de nosso Estado é o artesanato, principalmente, o que vem dos povos indígenas. Para registrar essa riqueza cultural e fazer as comunidades ganharem com a produção artesanal o projeto “Artes Indígenas em Mato Grosso do Sul: Mudanças e Inovações Tecnológicas” cria um catálogo de cerâmicas das etnias Kadiwéu, Kinikinau e Terena.

O levantamento é feito por um grupo de pesquisa do programa de Pós Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, coordenado pelo professor Gilberto Luiz Alves. “É uma vertente ligada à cultura. Existe a necessidade de estudar a cultura regional e a cerâmica indígena é muito rica em nosso Estado”, justifica.

O catálogo será impresso e lançado como parte das comemorações do aniversário de 40 anos de Mato Grosso do Sul. Nele constarão cerca de 210 peças, entre potes, vasos para plantas, panelas e inúmeras outras. Cada página terá a foto de uma cerâmica, ao lado uma descrição falando de seus traços, formato, função e até quem a fez.

O vermelho é bastante presente na cerâmica da etnia terena
O vermelho é bastante presente na cerâmica da etnia terena
A Kinikinau possui formas geométricas e esse traço preto grosso
A Kinikinau possui formas geométricas e esse traço preto grosso

“Este é um registro importante para que no futuro esteja disponível para pesquisadores as informações de como está o artesanato indígena neste momento e também para sabermos do passado dessa arte, já que quase não há nada sobre”, declara Gilberto.

Uma das poucas pesquisas já feitas sobre o artesanato indígena de nosso Estado foi feita pela antropóloga Berta Ribeiro. Muitos dos índios, inclusive, desconhecem o livro publicado por ela. “Houveram técnicas que se perderam com o passar do tempo e algumas que eles estão recuperando. Levei o livro até a aldeia, uma índia até soltou um grito de espanto ao ver uma foto da avó nas páginas da publicação”, relata.

Antigamente muitas das peças tinham função utilitária nas aldeias. Os potes serviam para guardar água, comida, faziam panelas para ser utilizadas no prepare de alimentos, entre outros fins. Atualmente, praticamente toda a produção é voltada somente para as peças que servem para a decoração. “Os potes diminuíram de tamanho, assim como as panelas. Houve o acréscimo de figuras humanas e animais, além de diversas outras mudanças”, descreve.

O projeto também visa melhorar o turismo da região, fazendo com que as etnias melhorem seu modo de produção artesanal para que os objetos possam ser vendidos em larga escala. “Ainda não dá para essas cerâmicas serem um produto de exportação tanto para outros estados quanto para outros países porque o resultado final ainda não algo de grande durabilidade. Esteticamente é lindo, mas a tinta sai com facilidade, eles quebram facilmente. Estamos os ajudando nesses quesitos para que eles consigam vender melhor sua arte”, explica Gilberto.

Ainda não há uma data prevista para que o catálogo seja lançado. Ele será bilíngue, os textos estarão em português e inglês.

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Cerâmica Kadiwéu é parecida com Kinikinau, mas não tem o traço preto e sim um branco característico
Cerâmica Kadiwéu é parecida com Kinikinau, mas não tem o traço preto e sim um branco característico
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