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Comportamento

A difícil saga das mães de bebês que tentam acompanhar a série "Dark"

Última temporada que estreou na semana passada na Netflix trouxe um desafio às mães: tentar acompanhar as linhas do tempo da série

Paula Maciulevicius Brasil | 05/07/2020 09:10
Este é Jonas, de colete amarelo, o bebê teve o nome escolhido quando os pais assistiam "Dark". (Foto: Arquivo Pessoal)
Este é Jonas, de colete amarelo, o bebê teve o nome escolhido quando os pais assistiam "Dark". (Foto: Arquivo Pessoal)

Na família do Jonas bebê, que mora em Nova Alvorada do Sul, a saga de assistir, acompanhar os fatos e entender as complexas questões da série alemã "Dark" começou assim que ela entrou no catálogo da Netflix.

Lançado em 2017, o seriado tem uma trama envolvendo desaparecimentos de crianças, relações familiares misteriosas, um acidente nuclear, um buraco de minhoca e várias linhas do tempo, misturando suspense, mistério e conspiração.

"Começamos assim que entrou na Netflix, porque meu marido estava aprendendo alemão por conta própria e tínhamos uma viagem em maio de 2018. Eu gostava de séries e filmes estrangeiros", conta a mãe Katyane Laurentino Cruciol, de 38 anos.

Até então, Katyane não era mãe e conseguia assistir ao que quisesse sem interrupções de choro, fralda ou mamá. Assim foram as primeiras duas temporadas. Quando soube da gravidez, ela e o marido escolheram o nome baseado na série e ganharam até um chá de bebê do trabalho dele.

Os amigos pensavam que "Jonas" era por conta do personagem da Bíblia que ficou dias dentro da barriga de uma baleia. Mas no cantinho esquerdo do varal, o pai fez questão de corrigir essa ideia fazendo referência ao Jonas, de Dark.

Chá de bebê que Jonas ganhou trazia a baleia e a história do personagem da Bíblia, mas à esquerda, está a imagem do Jonas de Dark em um quadrinho. (Foto: Arquivo Pessoal)
Chá de bebê que Jonas ganhou trazia a baleia e a história do personagem da Bíblia, mas à esquerda, está a imagem do Jonas de Dark em um quadrinho. (Foto: Arquivo Pessoal)

Quando estreou a terceira temporada, Katyane foi avisada pelo marido. "Como a gente tinha uma ligação filho e seriado, resolvemos tentar assistir nas 'horas vagas'", diz usando entre aspas nas horas vagas, que para pais de bebês é tão ficção quanto Dark.

O que não tem lá dado muito certo. "A gente para bastante, volta, começa tudo de novo. Tudo no tempo do 'nosso Jonas'", brinca. Antes de ontem, por exemplo, definitivamente o sono apertou e eles desligaram a TV.

Se começa a ver a série hoje, Katyane avisa, brincando, que talvez não dê conta, que seria melhor esperar o filho completar 18 anos.

"A pergunta não é como, mas quando..."

(A pergunta não é como, e sim quando as mães vão conseguir assistir Dark)

Psicóloga, Simone Cougo é mãe de Marina e confessa que, apesar de evitar ao máximo dar telas à filha de 2 anos, já entregou um tablet para conseguir ter tempo de assistir aos seriados. "Eu coloco ela para dormir à noite e assisto um pouco. No final de semana, deixo algumas horas na minha irmã e vejo mais um pouco. Está sendo bem parcelado. Já teve situações em que eu tive que acionar o tablet, coisa que eu evito, para poder ver série", comenta.

Simone enxerga as pausas pelo lado positivo. "O bom que eu consigo assistir, pausar, saber o que está acontecendo e depois retornar. Antes de ser mãe, eu maratonava, agora na maternidade é muito difícil", enfatiza.

Quando não são as interrupções, é o cansaço que toma conta, afinal a série exige atenção. "Vejo dois episódios e estou fechando o olho de exaustão, então assisto um pouco por vez. É excelente para combater o perfeccionismo, porque você quer sentar e terminar, e agora estou tendo que fazer de pouquinho e pouquinho. Estou até trabalhando outras questões pessoais assistindo a série".

Jonas e a caverna.
Jonas e a caverna.

A série, que já é confusa, para a arquiteta Vanessa Fiorentini, de 31 anos, se tornou impossível de acompanhar quando se tem que parar toda hora por causa dos filhos. "Não é aquele tipo de seriado que se você perdeu um pouco e volta para assistir consegue acompanhar", fala.

Mesmo com os filhos dormindo cedo, e no mesmo horário, a mãe nunca mais conseguiu ver séries como antigamente. Entenda-se antes da maternidade. "Cada uma é uma coisa nova. Às vezes um choro, às vezes um quer água. Eu não vou conseguir acompanhar Dark, infelizmente".

Também psicóloga, Alessandra T. De Almeida, de 33 anos, já tinha visto a primeira temporada antes da filha nascer. A segunda foi vendo com o esposo, mas sem conseguir acompanhar com atenção, a terceira...

"Não consegui ver, porque à noite eu desmaio. Meu marido ainda tem pique, assiste e me explica. Eu vou vendo também quando estou dando mamá ou pulo algumas partes", diz. Uma das saídas que Alessandra apresentou foi a de ver alguns vídeos e sites que explicam a série.

Como mãe, e ainda de dois, comecei a ver a série ontem. Já tinha assistido anteriormente três ou quatro episódios, mas não engrenei. Agora que todo mundo está falando, por ser a última temporada, resolvi embarcar. É meio furada, porque além de conciliar a rotina das crianças, os episódios são longos e densos, o que exige muito mais do que somente olhos abertos.

As relações entre as famílias da série foi o que deu o primeiro "nó" na minha cabeça.
As relações entre as famílias da série foi o que deu o primeiro "nó" na minha cabeça.

Procurando pela internet, encontrei algumas coisas que me ajudaram e também podem te ajudar:

A Netflix lançou um site interativo que ajuda a entender toda a série sem spoilers. Ao entrar no darknetflix.io/pt, o usuário pode escolher cada uma das três temporadas de Dark para destrinchar por episódios.

Na coluna TAB, do Uol, uma reportagem explica alguns termos que aparecem na série, é bacana porque muita coisa a gente passa o olho batido.

A Superinteressante também traz em uma matéria "3 fatos que você precisa entender antes de ver Dark".

No canal do Youtube, Carol Moreira também faz vídeos explicando sobre cada episódio, vale a pena acompanhar se você perdeu algum.

E, por fim, uma das coisas mais complicadas de se entender eram as famílias, e aqui vai outra reportagem que esmiúça cada núcleo.

Gostou do Mãe também reclama de hoje? Me mande um e-mail sugerindo o que você quer ver na próxima semana. Pode falar comigo pelo paulamaciulevicius@gmail.com.

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