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Comportamento

Amigos criam vaquinha para haitiano não esperar 10 anos até ver filha

No Brasil desde 2019, Peterson Oscar conta que saudade da família é dor sentida diariamente

Aletheya Alves | 23/09/2022 06:45
Assim como outros imigrantes, Peterson (segurando celular) conta que sua história no Brasil nasceu como um modo de procurar uma vida melhor.
Assim como outros imigrantes, Peterson (segurando celular) conta que sua história no Brasil nasceu como um modo de procurar uma vida melhor.

Toda vez que alguém pergunta para Peterson Oscar, de 30 anos, se ele não tem vontade de trazer a família do Haiti, a resposta sempre é de que o desejo é grande, assim como os valores necessários para realizar esse sonho. Depois de dois anos ouvindo isso e vendo a saudade nos olhos do colega, amigos de trabalho resolveram se unir para uma vaquinha online e tentar unir novamente o pai e a filha, de apenas seis anos.

“A gente vê como a saudade da família dele, principalmente da filha, é dolorida. Depois de entender que ele não conseguiria ver a filha tão cedo, decidimos tentar ajudar de algum jeito”, resume Paola Gomes, de 24 anos. Trabalhando com Peterson em uma distribuidora de sucos, ela e os outros colegas detalham que ficaram assustados com o valor necessário para os trâmites da viagem.

Assim como outros imigrantes, Peterson conta que sua história no Brasil nasceu como um modo de procurar uma vida melhor tanto para ele quanto para a família. Sabendo que alguns familiares já moravam em São Paulo, deixou seu País para trás e, desde 2019, só mantém contato através do celular.

Já tendo vencido a barreira do idioma e com um emprego fixo, o homem detalha que hoje tenta focar no serviço para continuar passando por cada dia. “Deixei minha mãe, minha filha, minha namorada. Eu sou o primeiro filho da minha mãe, ela sempre fez de tudo para mim, ela é tudo também. Não conseguir ver ela, não ter ela aqui também é muito difícil”.

Em Campo Grande, ele chegou em 2020 e logo conseguiu o atual emprego no Bairro Universitário. Justamente por continuar ajudando a família, como era seu plano, não consegue guardar os valores para um dia comprar as passagens para sua mãe, filha e companheira.

Peterson mostrando foto da filha que sonha reencontrar.
Peterson mostrando foto da filha que sonha reencontrar.

"Quando eu vim, com R$ 4 mil dava para comprar uma passagem e trazer a pessoa para cá, mas tudo ficou mais difícil, ficou mais caro. Ter essa vida sem família é difícil, falar com eles só por chamada de vídeo, conta Peterson.

Morando de aluguel, o haitiano narra que parte do seu salário é para manter sua vida por aqui, enquanto a outra parte é enviada para sua mãe, que cuida da neta Regina, de apenas seis anos. Entre conversas e questionamentos, Paola explica que é normal ver o colega relatando que levaria cerca de dez anos para conseguir arrecadar o valor para trazer sua família.

Por isso, a ideia do grupo de trabalhadores foi de tentar reunir R$ 16 mil, a quantidade necessária para comprar as passagens tanto para a filha do amigo quanto para a companheira. “Como ela é muito pequena, tem só seis anos, é ainda mais complicado viajar. Para ela não vir sozinha, a ideia é garantir a passagem da companheira do Oscar também”, diz Paola.

“Quando a gente criou a vaquinha, ele abriu um sorrisão. Já pegou a foto da filha e da companheira para mostrar, ficou muito empolgado. A gente vê como ele sofre, não dá nem para imaginar como é”, explica a colega de serviço.

Conseguindo trazer ao menos a companheira e a filha, Oscar diz que o trabalho para juntar dinheiro vai continuar até ver a mãe por aqui também. “Mesmo assim, se o dinheiro der só para minha filha, já é muito bom. A gente dá um jeito de trazer ela e depois continua tentando até ver minha mãe também”, completa.

Online, a vaquinha para arrecadar os valores já possui algumas doações e, para ajudar, é só clicar aqui. Na página, Paola conta um resumo da ideia e, presencialmente, garante que o que todo mundo espera ver é mais uma família reunida.

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