Após anos em fila de espera, irmãos comemoram transplante de rim
José e Johny fizeram a mesma cirurgia, com intervalo de sete meses, e emoção tomou conta da família
Dois mil e vinte quatro é um ano que ficará marcado para sempre na vida dos irmãos José Aroldo Soares Macedo, de 32 anos, e Johny da Silva Macedo, de 33 anos, que após aguardarem por anos, juntos, na fila de espera por um transplante de rim, finalmente receberam a notícia de que os órgãos estavam a caminho.
José Aroldo ficou na fila do transplante por oito anos, e relata que foi uma longa espera, marcada pela ansiedade do telefonema dos médicos e pela incerteza de quando poderia realizar a cirurgia. Felizmente a espera teve fim em março deste ano. Já Jonhy, entrou na fila há pouco mais de um ano, e realizou a tão esperada cirurgia do transplante no dia 16 de outubro.
Johny relembra que tinha acabado de se sentar na cadeira da hemodiálise, quando recebeu uma ligação da Santa Casa, informando que ele iria ser transplantado. Ele detalha que o momento foi de bastante alegria e emoção. O tratamento, que normalmente dura quatro horas, naquele dia durou apenas duas, pois ele precisou vir para a Capital com urgência para fazer a cirurgia.
“Esse ano foi o ano dos milagres. O primeiro foi o transplante do meu irmão, em seguida veio o nascimento da minha filha, e agora o meu transplante. A gente tem que acreditar e manter a fé que as coisas acontecem, porque eu nunca esperava que ia ser tão rápido. E as coisas aconteceram de um jeito que foi inexplicável. Tudo no mesmo ano, em sequência. Parece que Deus falou, 'esse vai ser o ano do milagre', e foi”, expressa Johny.
Ao chegar em Campo Grande, Johny encontrou com sua família, que estava lhe aguardando no hospital. O momento foi de fortes emoções, principalmente para o irmão, José, que há menos de sete meses também havia passado pela mesma cirurgia.
“Eu não sabia se eu chorava, se eu ria, se eu gritava, a adrenalina vai a mil. É uma alegria inexplicável, um sentimento de grandeza, de força. Meu irmão tinha vindo para fazer o retorno, e foi um encontro emocionante”, relembra Jonhy.
Johny e José são de origem humilde, e foram criados em um assentamento no município de Nioaque. Os irmãos sofrem de diabetes desde a infância, e Johny conta que o uso contínuo de insulina e outros medicamentos para tratar a doença acabaram causando uma insuficiência renal em ambos.
Os irmãos relatam que, de início, ninguém em casa havia sequer ouvido falar em hemodiálise, até José começar a ganhar muito peso por conta da diabetes, o que levou seus pais a virem até Campo Grande em busca de um tratamento para o filho.
Chegando na Santa Casa, José deu entrada no pronto-socorro, e por meio de diversas consultas, foi constatado a insuficiência renal. Ele foi internado imediatamente, e submetido a cirurgias para dar início ao tratamento.
Já prevendo que poderia passar pela mesma situação, Johny conta que começou a se precaver e a adotar hábitos mais saudáveis de alimentação, mas mesmo assim, também precisou dar início ao tratamento de hemodiálise anos depois.
Transplantados com apenas sete meses de diferença entre uma cirurgia e outra, eles foram o apoio um do outro, para passar pelo tratamento, operação, e agora, pela recuperação juntos.
“É uma notícia que a gente espera por muito tempo, e a gente fica até bobo, sem saber o que fazer, mas foi muita alegria”, expressa José, sobre conseguir o transplante.
Passada a espera, os irmãos relatam que a sensação é de ‘nascer de novo’, com mais qualidade de vida e tempo para aproveitar a família. Com o coração cheio de gratidão e fé, a dupla aproveita para agradecer o apoio da família e da equipe do hospital, que trabalhou para que tudo ocorresse bem com o tratamento deles.
José detalha que após passar quatro meses internado em processo de recuperação, agora vive uma nova vida. A partir de agora, os cuidados agora consistem em continuar com a medicação prescrita e comparecer aos acompanhamentos médicos, além de cuidar da saúde.
A alta de Johny está prevista para esta semana, e dará continuidade à recuperação em casa. Ele compartilha que tem uma filha de seis meses, e está ansioso para receber alta e finalmente poder ficar ao lado dela.
“A gente não sabe o dia que vai chegar o transplante, mas quando chega é uma sensação de vida nova. Nós não vamos poder exercer nenhuma profissão por agora, tem que ficar em repouso e, como diz meu pai, só curtir a família, porque agora é uma bênção na vida e tem que aproveitar cada momento. Eu fui pai em abril, e vou poder ver ela crescer com mais saúde agora”, expressa.
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