Após aparecer em outdoor, vigia famoso ganha “parabéns” todo dia
Hélio, o “Corujão”, faz aniversário só em janeiro, mas homenagem em publicidade fez ele ganhar mais fãs
É com um jeito simpático e um sorriso amigável que Hélio Pereira da Silva, 72 anos, conta as histórias de uma época que não volta mais. “Foi aqui que comecei a minha vida”, fala o vigia apontando o dedo em direção à Rua da Paz. Figura conhecida em Campo Grande, o rosto do Hélio estampou um outdoor no mês passado. A homenagem só fez o vigia ficar mais famoso do que já é, e ganhar inúmeros "parabéns", como se o aniversário fosse dele.
No mesmo posto há 39 anos, Hélio Pereira, que também é conhecido como “Corujão” e “Bigode”, viu a estrada de chão virar asfalto, a escola Lúcia Martins Coelho ser construída e o extinto Presídio Central se tornar o Fórum de Campo Grande.
Ao mencionar a antiga prisão, o vigia relata uma descoberta que deixou todo mundo espantado naquele tempo. “Quando o presídio saiu daí desenterraram tantos ossos. Antigamente, perguntavam de fulano, falavam que ele tinha fugido, mas cavaram aí e acharam osso, crânio, caveira. Falavam que fugiam, mas a eliminação era ali”, afirma.
O homem lembra de uma rebelião que aconteceu na década de 80 e garante que não teve medo. "Não sei se foi em 1985 ou 1986, fizeram a rebelião. Aqui, passava gente armada, eles queriam invadir uma área. Não tinha medo não, de jeito maneira", ressalta.
Hélio saiu de Bela Vista e chegou na Capital em 1981, para morar com um parente que possuía imóvel na Rua da Paz. “Aqui, era a casa do finado meu padrinho, comecei a trabalhar como caseiro e nunca mais sai daqui. Todo mundo me conhece, o pessoal passa me cumprimentando, eu fico olhando pra saber quem é”, diz.
Faça calor ou frio, a rotina do vigia é sagrada e pontual, das 6h às 14h30. Na rua, Hélio cuida dos carros, molha as plantas e presta alguns serviços na Cantina Romana. Quando o expediente termina, Hélio vai embora para ficar com a esposa, a dona Hilda Lisboa da Silva.
Após ganhar homenagem no outdoor de uma campanha publicitária, que expôs personagens simbólicos da cidade, Hélio ficou surpreso com a reação da galera. “Todo mundo passava aqui e falava pra mim parabéns. Eu respondia: não, eu não tô de aniversário, meu aniversário é só em janeiro”, lembra rindo.
Perguntado sobre até quando pretende trabalhar na rua, Hélio é certeiro. “Enquanto Deus me der saúde, eu tô por aqui”, conclui.
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