Após ser roubado, vendedor de cocada ganha bike nova de cliente
Esbanjando simpatia e tranquilidade, o baiano teve bike velha furtada, mas gesto de freguês fez com ele ganhasse outra novinha
Ao chegar no cruzamento da Avenida Lúdio Martins Coelho com a Rua Antônio Bandeira, o semáforo fechou, e a equipe do Lado B parou o carro bem ao lado do Seu Raul, enquanto vendia cocada para os outros veículos a esperar o sinal abrir. “Aqui é seu xará que te ligou para fazermos um bate-papo!”, me apresento pessoalmente pela janela meia aberta.
Prontamente, indicou uma sombra de árvore onde, além de ter servido de local para nossa conversa, lá estava ela estacionada: a nova bicicleta de trabalho, na cor vermelha brilhante, novinha em folha.
“Ó, tá vendo ali? Eu tava vendendo logo mais na frente. Vi um cara com problema na moto, coisa de bateria descarregada. Gritei pra ele: “peraí que vou ajudar você”. Atravessei a rua, e empurrei a moto junto. Agradecido, o moço comprou R$ 30 em cocada. Perguntou o que eu fazia ali. Expliquei que na verdade meu ponto era outro, mas que tinham roubado minha bicicleta. ‘Vou dar um jeito de te ajudar’. Pegou meu número de telefone, bateu uma foto minha às escondidas e postou no Facebook”, explica o baiano sobre essa história da bike nova.
Acabou que Helton, o tal do motociclista-freguês, fez uma vaquinha virtual e conseguiu arrecadar o suficiente para comprar uma nova bicicleta ao vendedor de cocada. “Deus e ele foram maravilhosos comigo. Tiraram de mim uma caloizinha 10 para me darem de presente uma toda bonitona, vermelha, tinindo de nova. Agora, não empresto mais pra ninguém não”. Sem entender, pergunto o que ele quis dizer com isso.
O roubo – “Meu ponto durante a semana é ali perto do quartel, na Duque de Caxias. Tinha um rapaz que de vez em quando passava por lá pedindo dinheiro pros carros parados no semáforo. Aí um dia ele me perguntou se podia pegar a minha bicicleta emprestada para levar um remédio para a filha dele. Confiei em sua palavra. Tirei a caixa de doces e entreguei a bike. Isso era umas 10h da manhã. Deu 18h, ele não apareceu mais”.
Ao nosso lado e acompanhando o papo, a esposa de Raul – responsável pela produção das deliciosas cocadas (a redação do Campo Grande News agradece o mimo, viu?) – não aguentou e disse: “amor, você até pode emprestar para um vizinho, tudo bem, mas não pra uma pessoa que você mal conhece! O jeito que esse mundo tá, não dá mais pra confiar em ninguém mesmo”, desabafa a companheira Mirian que, direcionando-se à mim, adiciona: “mas ele é desse jeito, tem um coração mole”, desconversa, e abraça o namorido.
“É que eu acreditava nas pessoas, né. Por um momento eu até perdi a confiança, fiquei desanimado. Agora que fui presenteado com uma nova, comprei corrente, cadeado, empresto pra ninguém não!, garante o vendedor das cocadas.
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