Barros era o “mano” que não tinha hora para ser feliz na gargalhada
Mãe conta o que ficou do filho educador físico que faleceu na semana passada, vítima de acidente de trânsito, na avenida Ceará
Na contramão da lógica da idade nenhuma mãe quer enterrar um filho. Mas como não existe uma ordem convencional para que as coisas inesperadas aconteçam, o que ficou para uma família em Campo Grande é a dor que ainda “grita”. Na última semana, um acidente grave de trânsito tirou a vida do educador físico Cleuson Barros Amorim, aos 37 anos. Entre lágrimas e voz apertada, a mãe advogada Glauce de Oliveira Barros conta o que ficou do filho e como os amigos dele têm lhe ajudado a respirar na despedida dolorosa.
“Quando a gente perde um filho, a dor é tão intensa, que não queremos ouvir qualquer coisa, principalmente se for algo ruim. Mas quando você vê centenas de amigos e conhecidos espontaneamente chegando perto, para uma palavra de conforto e falando bem do seu filho, falando das qualidades que ele tinha, que venciam até mesmo os defeitos, é algo que torna essa dor de mãe menos dolorosa”, descreve Glauce, aos 60 anos.
Cleuson que era chamado entre os amigos como “Barros” e na família como “Mano”, ficou conhecido na cidade por ser um educador físico empenhado em transformar o corpo de seus alunos que tinham o sonho de ficar sarados ou atingir um objetivo no fisiculturismo. Ele que já foi campeão da modalidade, era alguém que se dedicava “incansavelmente”, segundo a mãe, para mudar a vida das pessoas através da atividade física.
“Meu filho era muito amado e muito intenso em tudo o que ele fez. Apaixonado por esportes, iniciou na capoeira, foi professor, formou em Educação Física, foi para São Paulo e chegou a treinar celebridades, foi campeão de fisiculturismo e, recentemente, se tornou um empreendedor”.
A vida de Barros terminou logo depois dele treinar um de seus alunos em uma academia da cidade e dias depois dele inaugurar uma hamburgueria ao lado de um amigo e sócio, na frente do residencial Damha. “Ele estava empolgado e feliz com o empreendimento ao lado do sócio. Apesar de pouco tempo, eles já estavam fazendo sucesso e recebiam muitos elogios. Meu filho não conseguia esconder a emoção”.
Além de não saber esconder as emoções, a marca registrada de Barros, segundo a mãe, era o bom humor. O homem fortão, musculoso, era do tipo que se derretia no colo da família e não tinha “pudor para a gargalhada”, diz Glauce. “Sempre espontâneo, não tinha tempo ruim para a risada. Tudo o que ele fazia era graça e a gente se contagiava com a alegria dele. Sei que sou mãe e suspeita pra falar, mas até os amigos falavam que ele rejuvenescia as pessoas”, comenta.
E além da saudade, o que ficou de Barros é uma lição sobre a vida. “É a alegria dele com a vida. Nada me orgulha mais ao lembrar que ele foi um homem que teve a capacidade de amar intensamente a família e os amigos, de ter afeto pela profissão e os seus alunos. Tudo o que ele fazia era com uma vontade inquestionável”, finaliza.
Barros também deixou um filho de 9 anos.
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