Calou-se a sanfona de Olívio Gaiteiro, que virou a alegria na "festa do céu"
Gaúcho era figura ímpar em Rio Brilhante, onde constituiu família – mas sem nunca deixar de lado a gaita e o bom e velho chamamé
Por toda a vida, Seu Olívio Pereira de Moraes nunca largou a música de lado. Ou seria o contrário? A 160 km da Capital, no município de Rio Brilhante, formou família, casou os filhos, criou netinhos. E tocou muito chamamé – chegando inclusive a gravar 2 CDs autorais. O terceiro já estava em curso, mas eis que chegou seu dia. Já não tem mais o som de sanfona para os bailões da região. Agora, sua participação se encontra na morada do céu.
"Meu pai sempre foi muito positivo, uma pessoa cativante. É triste ter que se despedir dele, mas a gente sabe que seu papel foi cumprido. Seu tempo chegou, foi o chamado de Deus. E ele provavelmente deve estar tocando e cantando, fazendo a alegria lá na festa do céu", refletiu Cristiane Puntel de Moraes, filha mais velha de Seu Olívio.
Por conta de sua tradicional sanfona, ele era conhecido como “Olívio Gaiteiro” para a comunidade rio-brilhantense, principalmente para os gaúchos que – assim como ele – um dia resolveram partir do Sul em busca de vida nova no antigo Mato Grosso.
"Não bastava dizer que eu era filha do Seu Olívio, tinha que colocar o Gaiteiro no meio, aí todo mundo sabia de quem se tratava. Ele foi muito prestigiado por todos os lugares onde passou. No velório, o Centro de Tradições Gaúchas de Rio Brilhante fez uma homenagem à ele, que foi o primeiro patrão de lá", comentou.
Quando chegou no Centro-Oeste, Olívio Gaiteiro foi direto para Brilhante. Abriu um comércio de lanchonete bem próximo da rodoviária, que funcionou por 10 anos. Juntando as economias dali e daqui, comprou um pedaço de terra para ser agricultor. “Sobradinho” é o nome da fazenda que faz juz à sua terra natal.
"Meu irmão assumiu a terra anos mais tarde quando meu pai resolveu dar um tempo. Foi aí que ele se dedicou completamente à música. Já estava até na produção de um terceiro CD, sempre com músicas autorais, como se elas fossem uma contação de história. A vida dele podia ser bem resumida no seu som, que fez isso até o final".
Cristiane garante que o pai não se abatia por qualquer doença. Mas após adquirir pneumonia bacteriana e ser testado positivo para covid-19, Olívio Gaiteiro aposentou a boa e velha sanfona aos 78 anos. Mas, além do instrumento parceiro, o que ficou de sua partida?
"A saudade! Deixou a companheira de 48 anos, além de ser o pai, sogro e avô incondicional. Sua alegria contagiante, cheio de boas histórias e com música animada já faz maior falta. O que nos conforta é saber que ele não está longe, mas apenas do outro lado do caminho… e que um dia voltaremos a nos reencontrar".
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