Cenas captadas nas salas de partos mostram como nascem e se fortalecem os pais
Imagens na sala de parto lembram do dia em que eles viraram pais e como exercitaram a paternidade depois disso
O nome escolhido para Aurora casa perfeitamente com a imagem, quando a claridade aponta para o primeiro registro de pai e filha. No dia 3 de junho de 2019, às 2h35 da manhã, Aurora veio ao mundo e Salles nunca mais foi nem seria o mesmo.
Surfista, guarda-vidas e hoje à frente da fabricação de pranchas de surf, Salles Francisco Ferreira Mamede, de 33 anos, queria ser pai, mas não esperava que fosse aquele o momento até porque havia outros objetivos que teriam de ser alcançados profissionalmente e financeiramente também.
No entanto, Aurora veio, cresceu e tem mostrado há 2 anos o quanto ser pai é maravilhoso. Salles descreve o que sentiu na sala de parto e que a partir daquele momento seria compartilhado por ele e a filha durante todos os dias que vieram a seguir.
"Responsabilidades. A vida que eu levava mudou muito. Antes de ter filho, você não tem muita responsabilidade, pelo menos não com outros seres. Agora ali, eu tinha que fazer, trabalhar, correr contra o tempo, estruturar a caminhada da minha filha aqui. O sentimento que eu tive foi de amor. A gente não sabe o que é amar direito, e quando a gente tem filho a gente encontra o verdadeiro sentimento de amor, de estar apaixonado, querer estar perto e cuidar".
Bruno Ferrari Dias, de 29 anos, sempre quis ser pai, mas não imaginava o quanto teria a vida mudada a partir do corte do cordão umbilical. Funcionário público, ele não cresceu perto do pai e queria para si uma paternidade diferente. Educar, estar próximo, mostrar o que é certo e errado.
Levi nasceu no dia 4 de abril de 2019, às 8h28 da manhã. "Eu tenho o costume de dizer que minha ficha só caiu, de verdade, no momento em que ele nasceu. Eu já sabia que ia ser pai, eu acompanhava as consultas, mas a emoção de quando eu pude cortar o cordão umbilical, ali eu entendi muita coisa", descreve.
Até hoje, ele se emociona de relembrar o momento que diz ter sido o "ápice".
"O fato de ter cortado o cordão e poder ficar ali, abraçado com a minha esposa, aquele foi o ápice e onde eu senti que eu nunca vou deixar o meu filho se afastar de mim seja emocionalmente seja na parte da presença. Eu nunca vou deixar de ensiná-lo e também de aprender, porque ele tem me ensinado muita coisa. Aconteça o que acontecer, quero que meu filho seja meu amigo".
O primeiro sorriso de pai para filha foi dado no dia 30 de maio de 2019, às 00h04, quando Vinícius Kohl viu Pietra pela primeira vez. O cirurgião dentista de 32 anos lembra que depois de entrar no centro cirúrgico se passaram 30 minutos até vivenciar a sensação de ser pai.
"Eu senti muita alegria, ela estava saudável, estava tudo bem. Mas a sensação mesmo que eu tive ali no primeiro momento é de muito cuidado. Eu tenho que cuidar dessa criança o resto da vida e está começando agora, ela é muito frágil, muito pequenininha", recorda.
O amor incondicional estava por vir, mas antes ainda teria muita preocupação e cuidado. Daquele dia em diante, Vinícius entendeu que não daria mais para viajar de moto às 8h da noite junto da esposa.
"A partir daquele momento eu entendi que ia ter que colocar a minha família em primeiro lugar, era prioridade. Antes a gente trabalhava, viajava a hora que quisesse, e isso não existira mais. Nós teríamos que dedicar pelo menos esses primeiros anos de vida exclusivamente a ela e valorizar, porque agora a família está completa".
Isadora nasceu depois da primeira inseminação artificial ter dado certo. O pai, Marcelo Ribeiro Guerra, de 39 anos, ficou tetraplégico depois de um acidente gravíssimo e nem esperava conseguir se tornar pai.
Ainda em Brasília, no Hospital Sarah, soube de um amigo que iria por esse caminho, e resolveu tentar. "E acabou dando certo", comemora hoje.
Marcelo se tornou pai no dia 20 de maio de 2019, às 19h21. A primeira sensação foi a de alívio. "Foi tenso, passou tanta coisa na cabeça. A doutora falava para ficar relaxado, calmo. Mas meu Deus, quando nasceu, veio um alívio, ela era saudável, estava bem", recorda.
No centro cirúrgico, ao olhar Isadora pela primeira vez, o pai entendeu que a partir daquele dia, eles eram em três.
Tem dia que a gente não acorda legal, mas ela trouxe uma felicidade imensa para casa. Estar com criança é totalmente diferente, ela não deixa a casa triste. Ali eu aprendi que eu tinha um filho pra criar. Depois do nascimento, você busca se aperfeiçoar cada vez mais como pessoa. "Hoje eu vivo para a Isadora".