Com madeira da rua, Gaúcho descobriu seu talento nos móveis
Aos 66 anos, Gaúcho começou a coletar madeiras jogadas pelas ruas da Capital e fazer móveis e objetos como forma de terapia
Seu Lorenzo Vilarin Prestes, de 66 anos, mais conhecido como Gaúcho, ficou contrariado quando viu um monte de árvores cortadas às margens de uma estrada que estava sedo asfaltada, em Campo Grande. Isso aconteceu há cerca de três meses e foi o ponta pé inicial para o aposentado descobrir um novo talento: a arte de fazer móveis com madeira que encontra na rua.
Isso mesmo, desde então Gaúcho tem se aprimorado em algo que nunca tinha feito na vida, que são móveis rústicos. Ele pediu aos funcionários que cortaram as árvores para poder pegar os troncos e fazer algo com aquilo, porque segundo foi informado, as madeiras seriam enterradas.
“Eles me disseram que não podiam me entregar a não ser que eu trabalhasse com isso, tivesse uma empresa, eu então abri uma micro empresa só pra poder pegar madeira”.
Gaúcho conta que levou a madeira pra casa de caminhonete, no bairro Nossa Senhora das Graças, sem ao saber direito o que fazer. “Eu sempre fui da roça, nunca tinha mexido com madeira, não sabia nem por onde começar. Fui pesquisando, fuçando, até que consegui fazer minha primeira mesa usando o tronco de uma mangueira”.
Em apenas três meses Gaúcho fez dezenas de móveis. Ele passa o dia inteiro ou procurando matéria prima na rua ou no fundo de sua casa, onde confecciona os móveis. “É um talento que eu nem sabia que tinha. Às vezes minha esposa fica até brava porque eu nem almoço, começo de manhãzinha, no escuro ainda e só vou parar no fim da tarde”.
Gaúcho conta que não sai na rua sem encontrar alguma madeira jogada. Ele diz que parece “um caça madeiras”. “Achei esses dias uns troncos cortados na Rui Barbosa, no Centro, e já trouxe pra cá”.
Tanto a casa de Gaúcho, quando parte da conveniência de sua esposa, já estão lotados de móveis e madeiras que ainda vão virar móveis. “Eu vou fazendo, fazendo e agora já chegou num ponto que não tem mas muito espaço”.
O mais impressionante é que o aposentado usa o tamanho natural de alguns galhos e troncos para fazer o pé das mesas, por exemplo. “Tem madeira que eu nem faço muita coisa, só lixo, trato e encaixo no tipo de móvel que eu quero”.
Alguns trabalhos de Gaúcho são quase artesanatos. Ele aproveitou a forma de uma madeira pra fazer um peixe. Em casa, ele está terminando um jacaré.
Outra peculiaridade de Gaúcho é o fato de ele colocar notas presas com resina em cima das mesas. “Eu tenho mais de 2 mil notas antigas, então uso algumas como forma de decoração nas mesas”.
Gaúcho, nesses três meses, nunca vendeu nenhum móvel, mas disse que quando achar que está fazendo com qualidade o suficiente, pode começar a comercializar. “Por enquanto faço como uma terapia, porque não consigo ficar parado”.
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