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Comportamento

Costurar roupa dos irmãos garantiu profissão de Elias, que dura 28 anos

Entre os 11 filhos, ele foi quem ficou encarregado de aprender a costurar e hoje é tapeceiro de mão cheia

Aletheya Alves | 02/11/2022 07:15
Elias aprendeu a costurar roupas dos irmãos e levou habilidade para tapeçaria. (Foto: Aletheya Alves)
Elias aprendeu a costurar roupas dos irmãos e levou habilidade para tapeçaria. (Foto: Aletheya Alves)

Tapeceiro há 28 anos, Elias André Siqueira só entrou no ramo graças às responsabilidades dadas pela mãe quando ainda era criança. Entre os onze filhos homens, só ele ficou encarregado de aprender a costurar e, anos depois, foram as habilidades com a máquina que garantiram formar suas quatro filhas na universidade.

Criado em Mato Grosso do Sul, o tapeceiro conta que já até começa a perder as contas sobre sua história entre os tecidos. Mas, sem pensar duas vezes, explica que sua trajetória dos bairros Tiradentes até o Itatiaia se entrelaça com a falta de saúde da mãe.

Elias explica que ele e a família moraram por muito tempo na área rural e, devido à saúde da mãe, ela e o pai precisavam ir em busca de médicos com muita recorrência. Sem muita escolha, Elias passou a assumir a responsabilidade pela casa e também a se virar com os outros irmãos.

“Naquela época, acho que minha mãe me viu como a filha que ela não teve. Então, eu era quem cuidava dos meus irmãos, passava roupa e costurava as roupas dos meus irmãos. Só eu sabia, conta Elias sobre como vê o início de seu caminho no ramo da tapeçaria.

Ferro de passar roupa antigo é guardado como lembrança da época de infância. (Foto: Aletheya Alves)
Ferro de passar roupa antigo é guardado como lembrança da época de infância. (Foto: Aletheya Alves)

Reunindo habilidades manuais, ele explica que antes de seguir para os tecidos tentou fazer um pouco de tudo. “Já trabalhei vendendo terreno, fui garçom, vendi em loja, fiz muita coisa, mas o principal era no ramo da construção. Fiquei nesse ramo até quando não deu mais”.

Puxando na memória, Elias detalha que após o País passar por uma crise, permanecer com a construção não era mais possível. Foi aí que as habilidades conquistadas graças às responsabilidades de criança fizeram ainda mais diferença.

“Comecei a trabalhar com um tapeceiro, eu costurava, ele cortava e montava os sofás. Mas a gente tinha que fazer muito retrabalho até que eu disse que podia cortar também. Ele achou que eu não fosse conseguir, mas deu mais certo ainda”, diz Elias.

Hoje, Elias não se imagina mais fora da profissão que garantiu a formação das filhas. (Foto: Aletheya Alves)
Hoje, Elias não se imagina mais fora da profissão que garantiu a formação das filhas. (Foto: Aletheya Alves)

Desde então, ele não abandonou mais a profissão e narra que de tapeçaria para avião até sofás de famílias, tudo entrou na sua conta. “Eu já fiz muito produto para academia, atendia pais e agora atendo os filhos, foi funcionando”.

E foram os 28 anos de profissão, apesar de muitos prejuízos com pessoas que nunca pagaram pelos produtos, que fizeram com que Elias garantisse algo que sempre sonhou: a formação das filhas.

“Não foi fácil, já tive muitos prejuízos, mas sempre aprendi que não precisava roubar nada de ninguém. Enquanto Deus me der saúde e vida, vou continuar trabalhando. Consegui formar minhas filhas, dei algo que eu nunca tive que foi estudar”, completa.

Para conhecer mais sobre o trabalho de Elias, seu contato é (67) 99212-5556.

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