Dulce jogou capoeira até os 97 anos, vacinou e está animada para voltar
Hoje, aos 99, a idosa conta que segredo para “não ter nem rugas” é seguir a vida sem se preocupar
Fotos da dona Dulce aos 97 anos não deixam ninguém mentir, ela realmente só saiu das rodas de capoeira aos 97 anos, quando a pandemia chegou e as aulas foram suspensas no Centro de Convivência de Idosos Vovó Ziza. Hoje, aos 99 anos, ela conta que além da capoeira, o segredo para não ter nem rugas, nas palavras dela, é seguir a vida escolhendo não se preocupar.
Com cabelo arrumado, unhas feitas, pulseiras e brincos postos, Dulce Mendes Azevedo Lacerda me recebeu na sala de sua casa com sorriso no rosto e só me deixou sair depois de um café. Explicando que precisou parar de fazer quase tudo com a chegada da covid-19, ela diz que só sobrou o bingo com as amigas de bairro e caminhadas pelas ruas do Octávio Pécora.
Quando eu falo a minha idade para as pessoas, quase ninguém acredita", conta rindo.
Ao lado de Dulce, Francisca Neide Lacerda Corbassier, de 78 anos, reforça o comentário da mãe dizendo que ela tem mais rugas do que a quase centenária, “ela tá melhor do que eu", brinca.
Dulce nasceu no Piauí, mas há cerca de cinquenta anos, mora em Campo Grande com a filha. Mãe de três filhos, tendo perdido um para o câncer, ela argumenta que, no início, achou o pessoal de Campo Grande meio desanimado, mas que durante os anos, encontrou amizades para festejar a vida.
Até o início de 2020, a idosa praticava capoeira, dançava um pouco de tudo, fazia ginástica e costumava pular Carnaval. Longe de ter parado de fazer as atividades devido à idade, o motivo para “acalmar” a vida foi mesmo a pandemia.
Me questionando se esse ano teria folia, Dulce afirma que queria voltar a participar das festas, porque até miss do Centro de Convivência dos Idosos já foi. “Eu já ganhei duas vezes. Neste ano, acho que vou para Corumbá no Carnaval, porque meu neto mora por lá”, explica.
Confirmando todas as informações da mãe, Neide relata que conseguir manter a idosa parada é uma das dificuldades. “Ela desenvolveu diabetes depois dos 90 anos e cataratas, então, vou fazendo as coisas com ela. Mas ela gosta de andar, dança mesmo, faz de tudo”.
Sobre a pergunta típica de como ela segue tão bem aos 99 anos, Dulce diz que escolhe não se importar com as dificuldades do cotidiano. “Se você fica se preocupando com tudo, a cabeça fica ruim. Você precisa deixar as coisas acontecerem e bola pra frente. Também rezo todo dia e Ele me abençoa.”
“Acho que eu vou viver até uns cento e tantos anos, minha mãe viveu até os 105 e não sofreu nada”, narra sobre o desejo de viver muito mais.
Retomando as atividades preferidas que seguem em ação enquanto o restante ainda não volta, Dulce destaca que o bingo com as colegas é sagrado e, por isso, até as pedras ela tem em casa. “Eu me divirto, tinha até o globo, mas estragou”.
Antes do café final, Dulce contou que, no ano passado, a celebração dos 99 anos teve duas festas e que o plano para o centenário é repetir a dose com mais festa ainda.