Durante a folia, beijar 20 pessoas é meta para adolescentes longe dos pais
Em diversas rodinhas da Esplanada, adolescentes comemoravam mais um beijo na boca
“Beija, beija, beija!”. Os gritos ouvidos de longe na Esplanada Ferroviária significavam mais um beijo da noite. Aglomerados em cima de um casal ou três pessoas, a turma comemora e contabiliza os beijos que muitas vezes duram menos de um minuto. Não tem risco de "sapinho" ou confusão que pare, principalmente, os adolescentes.
Do lado de fora, concentrados na Avenida Mato Grosso esquina com Calógeras, esses números eram comemorados a cada noite de Carnaval. “Eu já peguei uns 20 essa noite”, conta uma adolescente de 13 anos, ao lado das amigas de 12 a 14 anos. Em um dos momentos elas beijam de três até uma quarta pessoa entrar em cena, daí em diante não há regras. “É só entrar e beijar”, descreve.
Desacompanhadas de um adulto, elas aproveitam a liberdade das ruas para fazer o que pais em casa nem imaginam. “Meu pai nem sonha, ele também não aceita que eu beije meninas, diz que prefere um filho morto”, desabafa outra adolescente ao revelar que já beijou 15 meninas.
Entre elas o beijo rola mais fácil, garante a adolescente. “Com as meninas é muito melhor, a gente beija pouco homens”. O mesmo serve para o sexo. “Com eles não, mas com as meninas é à vontade”, dizem as adolescentes que se dizem preparadas para a vida sexual, mas sem que os pais saibam.
Uma das amigas, de 14 anos, se apresenta como a “religiosa da turma” e preparada para cuidar das amigas. “Eu oro para que elas não sejam estupradas e cuido para que não fiquem bêbadas”, torce a menina.
Em outra roda, adolescentes afirmam que Carnaval é para isso. “Já peguei uns cinco hoje, mas é Carnaval, né. Temos que aproveitar”.
Para alguns beijar de 10 a 20 pessoas em uma só noite é questão de meta. “Eu não saio daqui enquanto beijar o máximo de pessoas”, diz o adolescente de 16 anos, após beijar um garoto.
Para se livrar dos abusos, elas estabelecem regras. “Se começar a avançar o sinal a gente beija e solta”.
Sobre os riscos e vírus que podem ser transmitidos pela saliva, a maioria desconhece. “Eu sei que não passa nada grave pela boca, mas a gente toma muito cuidado, eu olho pra boca da pessoa e vejo se não tem machucado, só assim beijo”.
Os mais “velhos”, entre 18 e 20 anos, se dizem mais seletivos. “Eu só peguei duas e no primeiro dia só três, mas no Carnaval está todo mundo solto”, diz Matheus Lucas de Oliveira Ribeiro, de 19 anos, que todos os dias curtiu o Carnaval ao lado dos amigos fora da Esplanada.