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Comportamento

Eliel ensina terena nas redes sociais para língua não morrer

Ainda quando criança ele percebeu a diminuição de falantes do idioma e criou projeto anos depois

Aletheya Alves | 16/10/2022 07:13
Eliel Thiago Pio começou a produzir conteúdos na Internet para manter língua terena viva. (Foto: Reprodução)
Eliel Thiago Pio começou a produzir conteúdos na Internet para manter língua terena viva. (Foto: Reprodução)

Há quatro anos, Eliel Thiago Pio começou a dar dicas sobre a língua terena nas redes sociais e nunca mais parou. Hoje, ele dá cursos sobre o idioma e mantém o projeto de ensinar palavras e frases em sua língua materna para que a tradição seja perpetuada.

Formado em Geografia, Eliel conta que antes mesmo de entrar no mundo acadêmico já havia percebido uma preocupação com o terena. Durante a graduação, começou a pensar sobre a importância de estudar mais sobre sua cultura e, a partir daí, o incômodo antigo passou a gerar ideias.

“Me lembro que quando saí da Aldeia Bananal, em que 90% dos moradores são falantes da língua terena, eu era criança e nós viemos para a Aldeia Tereré, em Sidrolândia. Aqui percebi que não era a maioria que falava terena, então fiquei preocupado”, explica Eliel.

Por ter vivido falando apenas terena até os sete anos, o professor relata que a vivência da língua fez com que ele tivesse mais facilidade para conseguir ensinar. “Em 2018, comecei a fazer alguns trabalhos de postagem e deu muito certo. As pessoas compartilharam e começaram a perguntar sobre a língua terena, então continuei”.

Para ele, ao invés de ensinar as regras gramaticais, a melhor estratégia foi pensar como a didática poderia ser aplicada em crianças. Assim, adultos também poderiam aprender facilmente ao menos algumas frases.

“Quando ensino a língua terena ensino de uma forma direta, mostro a pronúncia com frases básicas do dia a dia. Então, o que eu faço é ensinar tanto para pessoas indígenas quanto não indígenas. Ofereço um curso também e o que estou fazendo de certa forma é perpetuar a língua”, detalha Eliel.

Seja em vídeos ou postagens com palavras e frases, os conteúdos envolvem desde nomes de animais até perguntas típicas de Mato Grosso do Sul. “Hinga vorékoti terêre?” siginifica “vamos tomar tereré?”, por exemplo.

Ao mesmo tempo em que o apoio para fortalecer a cultura surge de muitos cantos, o professor relata que as críticas também aparecem. “Há críticas pelo fato de eu ensinar uma língua indígena para a comunidade branca, muitos indígenas são contra, mas ao meu ver não vejo nada de ruim”, completa.

Para conhecer mais sobre a língua terena e acompanhar as dicas de Eliel é só seguir o professor no perfil do Instagram @elielterena.

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