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Comportamento

Em briga por prêmio de R$ 1 milhão, sertanejo acusa advogado de estelionato

Thiago Servo alega que perdeu o sono após saber da penhora do valor que ganhou em reality

Anahi Zurutuza | 21/08/2023 20:30
Thiago Servo, 37, em foto divulgada recentemente no Instagram (Foto: Reprodução)
Thiago Servo, 37, em foto divulgada recentemente no Instagram (Foto: Reprodução)

Em pedido judicial para suspender a penhora do prêmio de R$ 1 milhão que ganhou em reality show, o cantor Thiago Servo, 37, acusa o advogado campo-grandense João Alex Monteiro Catan, 68, de fraude, falsidade ideológica e estelionato. O sertanejo, que fez sucesso ao lado de Thaeme há 10 anos, também promete processar o suposto credor por danos morais e pedir a devolução em dobro do valor cobrado.

Ele alega ter perdido o sono e estar sofrendo com sintomas de estresse, ansiedade e depressão, após saber que apesar de sair vitorioso de programa de televisão, não pode acessar o dinheiro recebido para o “custeio de sua sobrevivência, seus filhos e família”.

A defesa de José Lázaro Servo, o Thiago, já falava em farsa, argumentando que o cliente nunca fez dívida com Catan, mas tinha negócios com Jamil Name Filho, nome “famoso” em Mato Grosso do Sul, condenado no fim de julho por ser o mandante da execução de universitário na Capital. “Faltou o exequente com o dever da verdade, da lealdade e boa-fé, quando apresentou nota promissória preenchida posteriormente, com nome distinto ao do credor, com valor cobrado em dobro, com data que não condiz com a realidade, apenas para auferir benefício financeiro, ignorando qualquer princípio ético e moral. Portanto, requer a suspensão da execução até o esclarecimento na esfera criminal do que vai ocorrer”.

Sem conseguir impedir o bloqueio do prêmio na primeira instância, o sertanejo resolveu aumentar o tom. No dia 7 de agosto, ele foi à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro para registrar boletim de ocorrência contra Catan, acusando-o de falsidade ideológica.

Brevemente, na denúncia à Polícia Civil, ele relata a mesma história contada à Justiça para se defender da cobrança. Narra que em 2013, quando ainda fazia dupla com Thaeme, contraiu a dívida com Name Filho ao comprar um carro da marca BMW e um avião. Afirma que pagou R$ 150 mil de entrada, mas após o fim da dupla, desistiu da compra. Sem poder continuar pagando “parcelas” pelos bens, o cantor teria feito acordo com Jamilzinho para que o valor já desembolsado ficasse como pagamento pelo tempo que usou o carro e a aeronave.

A defesa alega ainda que Thiago havia assinado “nota promissória em branco” e não sabe como o documento que atesta dívida foi parar nas mãos de Catan, mas que o advogado fraudou o documento para cobrá-lo na Justiça.

Em rede social, sertanejo mostrou no início do mês que estava chegando à Depac para "resolver a vida contra malandro" (Foto: Instagram/Reprodução)
Em rede social, sertanejo mostrou no início do mês que estava chegando à Depac para "resolver a vida contra malandro" (Foto: Instagram/Reprodução)

No novo pedido, feito ao Tribunal de Justiça, o advogado Diego Dias Barbosa Gamon, que passou a representar Servo, cita outro crime. “Podemos conferir na nota promissória que a tinta da caneta não é a mesma; a assinatura do agravado [Catan] é diferente da tinta do preenchimento da cártula; a caligrafia é distinta, que sem dúvida, nenhuma, foi preenchida pelo agravado, cometendo ato criminoso e civil, devendo ser indiciado por estelionato, nos termos do artigo do 171, e falsidade ideológica, artigo 298, ambos do Código Penal”.

Por fim, a defesa pede a anulação da penhora, mesmo que em parte. “Neste ponto, com as premissas de fundamentação de fato e de direito acima colacionados, é certo que a penhora do prêmio integral foi incorreta, não deixando nenhum valor ao agravante, para prover suas despesas corriqueiras do dia a dia, pensão alimentícia dos filhos, sua sobrevivência e de sua família”.

A nota promissória que é cobrada na Justiça (Foto: Reprodução dos autos do processo)
A nota promissória que é cobrada na Justiça (Foto: Reprodução dos autos do processo)

Briga antiga – Após saga de 7 anos e meio atrás de Thiago Servo, foi só em fevereiro deste ano que a Justiça conheceu a versão do sertanejo sobre nota promissória de R$ 300 mil assinada por ele e que motivou decisão de confisco do prêmio de R$ 1 milhão que o cantor ganhou em “A Grande Conquista”, no dia 20 de julho.

A ação judicial proposta por João Alex Monteiro Catan, pai do deputado estadual João Henrique Catan, tramita desde maio de 2015. Embora nunca tenha deixado de tentar estar sob os holofotes, a Justiça teve muita dificuldade de encontrar Thiago. Ao longo do processo, estão registradas pelo menos duas dezenas de tentativas de oficiais de Justiça notificarem o cantor da existência da cobrança, em endereços de Campo Grande, São Paulo e até no sítio onde o sertanejo estava confinado para participar do programa “A Fazenda”, no primeiro ano de tramitação. Mas, antes que oficial de Justiça fosse designado para a viagem até a propriedade rural, Thiago desistiu do reality.

Representante do credor, João Paulo Sales Delmondes chegou a pedir que a Justiça oficiasse aplicativos como Uber, 99 Pop e Ifood em busca de endereços de Thiago.

Ele acabou sendo citado aqui na Capital, em novembro do ano passado, depois que Delmondes descobriu que o cantor estava fazendo apresentações no bar Eden Lounge. “Após um calvário para localizar o executado, a citação foi efetivada e o mandado devidamente cumprido com a juntada nos autos”, também anotou o advogado de Catan.

Tanto tempo se passou que a dívida também se multiplicou. Conforme os cálculos efetuados pelo credor, chegou a R$ 1.361.495,06. Por isso, no dia seguinte à vitória de Thiago no reality da Record e a notícia de que o devedor receberia prêmio de R$ 1 milhão, Delmondes fez novo pedido de penhora e, ainda, no dia 21 de julho, o juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Execução de Título Extrajudicial de Campo Grande, determinou o sequestro do prêmio.

O advogado de Catan alega que o cliente nada tem a ver com o suposto negócio entre Thiago e Jamilzinho. “Os advogados de João Alex Monteiro Catan informam que a argumentação técnica e as impugnações aos infundados argumentos foram apresentadas nos autos e, para esclarecer a fantasia criada pelo devedor, reafirmam que não existe nota promissória assinada com nome de Jamil Name Filho”.

A defesa do credor afirma ainda que “tudo não passa de uma estratégia adotada após 7 anos de ação, sem qualquer lastro probatório, na tentativa de confundir o juízo e que foi acertadamente afastada pelo magistrado, que determinou a penhora do crédito por não haver mais qualquer discussão”.

A reportagem contatou Delmondes para saber se o cliente gostaria de comentar as novas acusações e aguarda retorno. O espaço segue aberto.

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