Ensaio sobre duas rodas mostra como é dar 2ª chance ao amor
Os dois já rodaram quase 2,7 mil km que dividem Floripa e Salvador; na sessão de fotos, moto representa tudo aquilo que já viveram
Valéria Couto e Jaconias "Jaco" Junior não podiam deixar de celebrar os 10 anos de união, de encontro feliz que a vida os proporcionou. Foi em cima de uma moto, percorrendo sem destino as estradas do Brasil, que os dois passaram por muita coisa. Entre alegrias e tristezas, o amor foi quem assinou o itinerário. No ensaio fotográfico, "selaram" tudo aquilo que já testemunharam e que ainda vão viver juntos.
"Esse casal é sensacional. Foi fácil fazer os cliques porque a Valéria sorriu o tempo todo e o Jaco mostrou satisfação com a companheira. A história deles é incrível, viveram muita coisa até chegar na sessão de fotos comigo. Fico feliz de também poder fazer de um pedacinho dessa história de amor", disse o fotógrafo Diogo Galeano, autor das imagens.
Tudo começou assim: Valéria estava divorciada há 6 anos quando, em mais uma de suas viagens à trabalho enquanto analista judiciária, foi parar em Dourados. Um primo estava passando por um momento difícil de separação, então combinaram um happy hour pra dar uma animada.
"Eu lembro que a cachaçaria estava cheia, e o único lugar disponível que conseguimos foi num canto afastado. Imediatamente vi um homem já de olho em mim. E claro, me interessei. Meu primo, que assim como o Jaco também é dentista de profissão, conhecia ele. Acabamos depois na mesma mesa, em maior clima de descontração", disse Valéria.
Resumo da ópera: a noite de animação era pra ser do meu primo, mas quem saiu de lá toda animadinha fui eu!".
A surpresa veio em boa hora. Os dois sabiam que a vida de solteiro não foi feita para eles. Já naquela noite, perceberam uma identificação em comum. "Parecia que eu o conhecia há anos". De apenas amizade, veio encontros, outras saidinhas mais, até que o gelo derreteu por completo, quando Jaco propôs à Valéria que namorassem.
Somos da moda antiga, e claro que eu aceitei aquele pedido romântico. Continuo apaixonada por ele", confessa.
Assim como Valéria, Jaco também havia se divorciado há pouco tempo, estava naquela fase de adaptação. "Ele sempre quis ter uma pessoa ao seu lado que fosse maior companheira, que se porventura subisse na garupa de uma moto pra cair na estrada juntos sem destino, apenas vivendo o momento".
E assim foi feito. No início, Valéria confessa ter achado uma loucura, mas seu coração apaixonado e personalidade aventureira resolveu assumir o "risco calculado".
"Nossa primeira viagem foi no final de 2011. Simplesmente saímos num dia e fomos pra Santa Catarina, passando por Camboriú, Jurerê, Itapema até chegar em Florianópolis. Ficamos 20 dias nisso, apenas curtindo".
Foi no retorno à MS que tiveram a notícia mais triste de todas: a filha mais velha de Jaco havia falecido. "Eu que também sou mãe, nossa, foi uma dor conjunta. Realmente 2012 foi um ano de provação. De forma gradual, fizemos resiliência em nosso caminho".
Como tentativa de seguir com a vida, embarcaram em uma nova jornada sobre duas rodas. "Que tal do Oiapoque ao Chuí?", perguntou Jaco. "Será que não podemos encurtar um pouquinho?", questionou Valéria. Assim, ajustando as pontas, correram sobre duas rodas de Florianópolis até Salvador. Foram felizes 36 dias de viagem.
"Colecionamos histórias. Pessoas que conhecemos, comidas que experimentamos, cidades que passamos. Também teve muito perrengue, moto que estragou, peça que não chegava, enfim".
Na volta, faltando pouco menos de 30 km para chegar a Três Lagoas, sofreram um acidente. Arrastados 32 metros, acompanhando a frenagem do carro que bateu por trás.
Só fui acordar 2 dias depois, já no hospital".
"Ele estava intacto, e eu quase sem uma das pernas. Nos trouxeram pra Campo Grande onde eu passei por uma cirurgia de altíssimo risco. Deu certo, mas não foi fácil. Tive que passar um bom tempo sem pisar no chão, e era o Jaco quem cuidava de mim, 100% do tempo. Pelo menos passou no estágio probatório de maridão", brinca.
Assim que tudo passou, oficializaram o casamento. "Já tínhamos as provas de que queríamos ficar juntos sempre. Nossa vida é tão curta, não sabemos o dia de amanhã, então aproveitamos e assinamos a união".
Nesses 10 anos de matrimônio, a sessão fotográfica veio como um presente para registrar tudo aquilo já haviam passado. E claro, a moto tinha que estar no meio.
"As fotos contaram nossa história, nossos encontros, nossas viagens, nossas aventuras. Tudo isso que vivemos, as partes mais marcantes, tristes e felizes, tem a figura da moto. Ela faz parte da gente".
E hoje nós dois sabemos: éramos pra ser".
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