Escola dependia de vizinho sóbrio para ter gerador e aula
Com tudo feito na amizade, Sidrolândia também não tinha delegacia com telefone e ‘contato’ era emprestado
Imagine a cena: na única escola da cidade, em uma época em que a energia elétrica ainda não tinha chegado, era necessário torcer para que o gerador a querosene emprestado estivesse disponível. Além dele, até os poucos telefones eram emprestados para conseguir ligar para Campo Grande. Esse era o cotidiano em Sidrolândia no século passado.
Reunindo uma série de histórias no documentário “Sidrolândia, 70 anos”, Marinete Pinheiro conta que a paixão pelas narrativas sul-mato-grossenses a fez buscar os diálogos com o passado. E, nesse caminho, encontrou curiosidades sobre o município.
E, começando pelo nome do município, que costuma passar sem ser notado, já há curiosidade: Sidrolândia é a Vila de Sidrônio. Esse foi o fundador, Sidrônio Antunes de Andrade (em 1942).
Professora de história, Nélia Nantes explica que Sidrônio saiu de Lages, em Santa Catarina, e ganhou como dote de casamento uma fazenda. “Então, ele teve a ideia de lotear a região central, que hoje é a Vila São Bento, um dos maiores bairros. Ele via o potencial de formar uma vila, a Vila do Sidrônio, por isso Sidrolândia”.
Outro fato narrado pela professora é de que a ferrovia só passou por lá graças a uma relação entre Sidrônio, sua esposa e o então presidente Getúlio Vargas. Ela conta que todos se conheciam e, inicialmente, a linha férrea não passaria por ali, mas o pedido foi aceito.
Já entre as histórias mais engraçadas, por assim dizer, estão as amizades necessárias para que a cidade funcionasse. Segundo Nélia, a única escola que existia no início de Sidrolândia precisava de apoio para ficar aberta pela noite.
“Tinha um gerador com querosene que era emprestado para a escola, era de um senhor chamado Claudinho. Então, se ele bebesse demais ou resolvesse ir embora, a aula acabava mais cedo”, descreve a professora.
Outra parte engraçada é que até a delegacia se apoiava nos moradores para não ficar isolada, como conta o psicólogo e morador da cidade, Patrick Barbosa.
“Meu avô tinha um telefone e era vizinho da delegacia, então os delegados usavam ele para se comunicar com Campo Grande. Iam até a casa dele, porque era o terceiro ou quarto telefone da cidade”, isso sempre que precisavam de reforços ou queriam informar a Capital de algo.
Essas histórias e outras integram o documentário de Marinete, que pode ser acessado na íntegra abaixo:
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