Família leva bebê em bar e músico inicia polêmica com foto na internet
Após o ocorrido, mãe fala sobre o direito de pais frequentarem espaços culturais com os filhos
O momento de lazer de Isabela Minna, de 23 anos, com a filha de 7 meses, foi motivo de polêmica na internet. Enquanto aproveitava a noite em família, Isabela e a criança tiveram a imagem compartilhada no perfil pessoal de um artista que frequentava o local.
Através do Instagram, o músico postou um stories e escreveu: ‘A exploração da inocência no ambiente dos excessos'. O caso ocorreu nesta semana em um bar localizado no Centro de Campo Grande.
Isabela comenta que a foto foi retirada do perfil após ela e familiares mandarem mensagens para ele. “Alguém mandou (a foto) pro meu irmão, entrei em contato com ele pra apagar, a família toda também. Ele começou a postar os prints das pessoas pedindo pra apagar falando que uma postagem incomoda mais que uma criança no rolê. [...] Ele postou nossa foto sem autorização nenhuma, depois de 40 minutos ele apagou”, fala.
Ao Lado B, o músico, que pediu para ter a identidade preservada, diz que se arrepende e afirma ser a favor da inclusão de mães e crianças em espaços culturais e de entretenimento. “Eu me arrependo de ter tirado a foto. Eu só queria falar sobre como nossas crianças são recebidas no mundo adulto. Mas sou a favor da adaptação dos bares e restaurantes com espaço adequado para receber crianças com o intuito de incluir”, afirma.
A foto abriu margem para o debate de mães e pais terem o direito de ocupar espaços na companhia dos filhos. Após o ocorrido, Isabela explica que uma amiga entrou em contato com o bar.
“Falaram que assim que virarem o ano vão organizar uma roda de conversa com as mães e abrirem sugestões do que fazer para melhorar a logística e acolher as mães e cuidadores”, relata.
A informação foi confirmada pela proprietária do Capivas, Camila Matsubara. A empresária declara que, além da roda de conversa, o bar será adaptado para oferecer suporte àqueles que levarem crianças pequenas.
"Estamos combinando sim não só uma roda de conversa, mas outros eventos que abracem mães com ou sem as crianças e já pensando em algumas melhorias para maior conforto das crianças, pais e mães. Mais do que as melhorias, achamos um assunto muito importante a ser discutido porque é horrível e triste pensar nas mães e crianças sendo invisibilizadas”, frisa.
O músico, segundo ela, também não integra a lista de artistas que são convidados para se apresentarem no ambiente. "Ele não estava tocando lá e nunca foi contratado ou tocou lá", declara.
Apesar de sair sempre com a família e a menina, Isabela garante que é a primeira vez que algo assim acontece. Ela enfatiza que os pais têm direito de frequentar com as crianças bares e outros estabelecimentos. “A gente precisa socializar e ter esse momento”, pontua.
Outra questão importante, segundo ela, é que os locais também tenham suporte para receber o público infantil. “Se precisar trocar a fralda, onde vai trocar? Quase nenhum tem (trocador) e ainda quando tem é em banheiro feminino. O pai não troca fralda?”, indaga.
A jornalista Jéssica Benitez e autora da coluna 'E Eu Nem Queria Ser Mãe' traz uma reflexão sobre o tema.
"As pessoas se preocupam muito em automaticamente julgar mães. Não passou pela cabeça do crítico de plantão abordar assuntos como a exclusão materna dos espaços de convívio social ou ausência de rede de apoio para que aquela que se dedica integralmente ao bebê pudesse ter um respiro com as amigas.
A balança sempre vai pesar pelo julgamento. Se o local é um ambiente aberto, se o bebê está bem, se os responsáveis estão juntos, qual é o problema em socializar?
Ver uma mãe vivendo incomoda e muito. No imaginário popular a mulher que pariu há pouco tem por dever lamber a cria no isolamento de casa. Obviamente que ninguém em sã consciência vai levar uma criança, seja de colo ou não, em uma boate, por exemplo, ou em um local que não tenha a mínima segurança.
Mas o que há de errado em estar junto ao filho em um lugar de diversão? O bebê da imagem compartilhada pela pessoa está visivelmente feliz, bem cuidado. Batem tanto na tecla de que a mulher não pode se esquecer no pós-maternidade, mas quando ela decide fazer algo por si mesma, mesmo que isso signifique carregar a prole junto dela, vem o julgamento.
E o pior, julgamento de gente que sequer sabe da vida dela e que não tem noção do quão pesado, solitário e carregado de dedos apontados é ser mãe".
(*) Matéria atualizada às 15h04 para acréscimo de informações.
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