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Comportamento

Foto premiada revela o tesouro que Antônia deixou para os filhos

Suzana Serviam | 02/10/2021 07:31
Foto de Dona Antônia com seu filho no colo, em 1957. (Foto: Luciana Scanoni Gomes)
Foto de Dona Antônia com seu filho no colo, em 1957. (Foto: Luciana Scanoni Gomes)

Em 1957, um fotografo registrou Dona Antônia Júlio com seu filho no colo, na aldeia Cachoeirinha, em Miranda. Imagine qual sentimento deve ter despertado nela quando 40 anos depois, outra fotógrafa que estava hospedada em sua casa começou folhear o livro antigo perguntando pelas pessoas que estavam ali e dona Antônia se reconhece?

O que ela sentiu não será possível descrever hoje porque, infelizmente, ela se foi. Mas os familiares lembram de todos os valores ensinados pela matriarca.

Viver a experiência de sair às ruas e bater de porta em porta para vender produtos como milho e mandioca ensinou Darlene Júlio, de 26 anos, o significado de perseverar até o objetivo ser cumprido. Esse foi apenas um dos ensinamentos deixado por sua avó Antônia.

“Acordávamos 4h para descarar e depois empacotar. Às 7h, a gente saia para vender e só voltava às 19h. Muitos falavam não na nossa cara, mas minha avó não desistia, porque tinha que terminar de vender as coisas para voltar para casa”, comenta a neta, toda orgulhosa.

Entre a herança de valores deixada, uma riqueza que vive até hoje, tem-se a produção de cerâmica, feita de barro. Essa cultura passada de geração em geração foi um dos meios encontrados para garantir sustento e aproximar culturas.

Darlene Júlio é a neta de dona Antônia. (Foto: Suzana Serviam)
Darlene Júlio é a neta de dona Antônia. (Foto: Suzana Serviam)

Foi por meio da cerâmica que a fotógrafa Luciana Scanoni Gomes chegou até Antônia Júlio. Pesquisando sobre o assunto, Luciana precisou passar vários dias na aldeia. O destino foi generoso ao promover o encontro das duas. O estudo de caso virou amizade para vida. Hoje, quando a família de dona Antônia se reúne, fazem questão de ligar para Luciana para participar.

"Dona Antônia era guerreira, vinha de trem para vender em Campo Grande. Fazia esforço grande para falar em português, mas ela queria conversar, contar a história. Hoje, os filhos dela são professores na escola, os netos estudam na escola. Da pesquisa virou amizade para o resto da vida", comenta Luciana.

Luciana, ao participar do concurso “Repensar e reimaginar o MIS antes e pós-pandemia em imagens e sons”, realizado no Museu da Imagem e do Som, enviou a fotografia de dona Antônia revendo seu próprio passado. A foto foi a mais curtida no Instagram e essa ação fez a fotógrafa conquistar o primeiro lugar. Foram mais de 217 curtidas.

O resultado foi uma conquista realizada em conjunto por toda família de Dona Antônia, que mobilizou parentes e amigos para deixar um coração na foto. O que mostrou a união entre eles. O prêmio do primeiro lugar foi todo direcionado para os familiares.

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