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Comportamento

Há 1 ano, Andrelino faz show todos os dias para vizinhança do Lageado

Apaixonado por música, o mineiro faz questão de dormir e acordar tocando violão

Aletheya Alves | 30/03/2023 06:30

Aos 66 anos, Andrelino Caetano Tiburcio não consegue deixar o violão de lado desde a hora que acorda até quando vai dormir. Em Campo Grande, o mineiro conta que passou a maior parte da vida no Acre e, agora, é a vizinhança no Lageado que ganha “show” todos os dias.

Com chapéu, óculos escuros, vários anéis nas duas mãos e uma pulseira feita com garfo, Andrelino nem precisa começar a falar para mostrar que é uma figura. E, quando começa a contar as histórias em forma de música, não para mais.

Andrelino conta que começou a gostar do violão quando tinha pouco mais de 20 anos. (Alex Machado)
Andrelino conta que começou a gostar do violão quando tinha pouco mais de 20 anos. (Alex Machado)
Anéis e pulseira feita com garfo integram a personalidade do mineiro. (Foto: Alex Machado)
Anéis e pulseira feita com garfo integram a personalidade do mineiro. (Foto: Alex Machado)

Desde dizer seu nome até contar que já foi padeiro, quase tudo vem através do ritmo de acordes e batidas mescladas no violão. “Eu gosto de contar as coisas em música porque é mais divertido”, explica o mineiro.

Morando com a irmã, Cleuza, Andrelino narra que por aqui acaba fazendo música pensando em si mesmo, já que deixou os palcos no Acre. E, em uma de suas entoações, explica que enquanto vendia caldo-de-cana em Campo Grande, uma música ou outra saía junto com a bebida.

Usando um violão emprestado do sobrinho, o mineiro conta que seu amor pelos acordes surgiu quando tinha “20 e tantos anos”. “Já morava no Acre quando comecei a tocar. Lá eu era comerciante, já vendi muita coisa, fui padeiro e até para isso tem música para cantar”.

Na época da última profissão citada, o sonho de sair por aí cantando já era forte e ele brinca que “padeiro não é feliz porque enquanto uns estão dormindo, outros estão em casa, padeiro está sem felicidade trabalhando”. E, na música, a única saída era guardar dinheiro e conseguir compartilhar as canções.

Hoje, ele mora com a irmã e a cantoria garante shows para os vizinhos. (Foto: Alex Machado)
Hoje, ele mora com a irmã e a cantoria garante shows para os vizinhos. (Foto: Alex Machado)

Por um tempo, Andrelino cantou em dupla, mas as mudanças da vida fizeram que ele voltasse a ficar sozinho. Sem mostrar expressões tristes, logo que começa a responder algo, ele garante que o importante é todo mundo saber que ele é feliz graças ao violão.

E, retornando à história de que o violão é emprestado, nem isso fez com que o mineiro deixasse a alegria de lado. “Quando eu estava vindo para cá, deixei o violão no ônibus e só depois quando fui ver é que percebi que ele tinha ido embora. Nunca mais encontrei ele”.

A irmã, Cleuza, brinca que a salvação de toda a família por ter um instrumento antigo em casa. “Ele não abandona o violão, canta para ele ser feliz mesmo, sorte que meu filho tinha esse guardado e agora ele não larga mais”, diz.

Sem pensar em tentar a vida de músico em Campo Grande, Andrelino pontua que o importante é seguir a vida. E, enquanto ainda continua conhecendo a cidade, vai brincando entre os acordes e os batuques.

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