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Comportamento

Há 6 meses, Lindinalva e Paulo vivem sob árvores de praça, com vista para igreja

Casal montou barraca na Praça São Francisco e sofre com julgamento de quem passa, mas garante que a realidade é dura

Danielle Valentim | 30/10/2019 07:48
Em meio a um sofá velho, barraca, fogão adaptado para lenha e três cachorros, Pequena, Mel e Scooby, há Paulo e Lindinalva. (Foto: Paulo Francis)
Em meio a um sofá velho, barraca, fogão adaptado para lenha e três cachorros, Pequena, Mel e Scooby, há Paulo e Lindinalva. (Foto: Paulo Francis)

Quem passa pela Praça São Francisco, em frente a igreja do mesmo nome, já deve ter visto o fluxo de pessoas aumentar nos últimos meses. Muita gente perambula na área durante o dia, a maioria dependentes químicos. Mas o lugar é "endereço fixo" mesmo de casal que há seis meses instalou uma barraca por ali. Um acidente de trabalho e a dificuldade para tratamento médico, levaram Paulo Denis Souza da Silva, de 37 anos, e a esposa Lindinalva Aparecida Pereira, de 45, para a rua.

Em meio a um sofá velho, barraca, fogão adaptado para lenha e três cachorros, Pequena, Mel e Scooby, vive Paulo. Ele conta uma história longa, diz que aguarda um processo trabalhista movido pela Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul e Lindinalva tenta um benefício de saúde, por conta de doenças psiquiátricas.

Quem passa pela região os julga o tempo todo, reclamam eles, mas a realidade é bem diferente, garantem. Com todos os documentos em mãos, o casal suporta um dia de cada vez com a vista para a Igreja São Francisco.

Paulo mostra o ferimento. (Foto: Paulo Francis)
Paulo mostra o ferimento. (Foto: Paulo Francis)
Lindinalva tem esperança de conseguir o benefício e sair das ruas.
Lindinalva tem esperança de conseguir o benefício e sair das ruas.

“Sou do Tocantins. Nós trabalhávamos em uma carvoaria em Camapuã, mas sofri um acidente e quase perdi a perna. Eu tropecei e um galho entrou na minha perda. Os médicos de Camapuã não sei se são médicos ou açougueiros queriam cortar. Depois fiquei um mês na Santa Casa tomando medicação até fechar. Eu ganhava R$ 150, R$ 200, por dia”, conta Paulo.

A dificuldade para um emprego também é evidente. “Agora o serviço que eu fazia eu não aguento fazer mais. Um nervo foi atingido e às vezes trava minha perna. Esses dias pedi emprego na praça, mas quando o empregador veio aqui e viu que a gente nessa situação, disse que já tinha conseguido um funcionário. Uma chácara perto de Campo Grande, um serviço que eu não force a perna seria o ideal”, diz Paulo.

Barraca e cozinha adaptada. (Foto: Paulo Francis)
Barraca e cozinha adaptada. (Foto: Paulo Francis)
Fogão adaptado. (Foto: Paulo Francis)
Fogão adaptado. (Foto: Paulo Francis)

Lindinalva tem uma irmã em Campo Grande, que também não tem condições de ajudar. Com exames e perícia realizada recentemente, ela ressalta a dificuldade para se obter um benefício mesmo comprovando a enfermidade

“A gente veio para Campo Grande para eu tentar aposentar, porque tomo remédio controlado providenciado pelo Caps. Além dele não aguentar o trabalho pesado mais, eu não posso ir para fazendas muito distantes por causa do meu tratamento. Eu tenho problemas psiquiátricos, não posso ficar sozinha por causa da síndrome do pânico, uma dezena de problemas e mesmo assim o processo segue lento. Às vezes visito minha irmã, mas ela é assalariada e não pode”, conta.

O casal também tem documentação de inscrição nas casas populares da Emha (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande) e está aberto a uma oportunidade para sair das ruas.

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Casal tem esperança das coisas mudarem.(Foto: Paulo Francis)
Casal tem esperança das coisas mudarem.(Foto: Paulo Francis)
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