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Comportamento

História do hipódromo se confunde com os 83 anos de Paulo

Treinador ganhou sua primeira “carreira” aos 9 anos no hipódromo e hoje divide histórias com o neto

Aletheya Alves | 27/09/2022 06:39
Paulo Vicente Ferreira, de 83 anos, relembra histórias com hipódromo. (Foto: Aletheya Alves)
Paulo Vicente Ferreira, de 83 anos, relembra histórias com hipódromo. (Foto: Aletheya Alves)

Logo que nasceu, a história de Paulo Vicente Ferreira, hoje com 83 anos, deu continuidade às narrativas de seu pai e seu avô, todos apaixonados por cavalos. Contando que tudo começou quando o Bairro Taveirópolis tinha um embrião do que se tornou o Jockey Club, o treinador garante que sua própria história se confunde com a do clube e, hoje, divide as narrativas e aprendizados com o neto.

“Meu pai contava que o Jockey começou lá na Vila Taveirópolis, de 1934 até 1944 ele foi ali onde hoje é o Parque Elias Gadia. Na época, não tinha nem madeira, então a cerca era feita de bambu”, conta Paulo. Com sorriso aberto durante a narração de cada detalhe, o filho de Dolorito Vicente Ferreira cresceu em meio aos cavalos e, desde o nascimento, nunca pensou em abandonar a história da família.

Vindo de Minas Gerais, o avô de Paulo tentou morar no Interior de Mato Grosso do Sul, mas com o tempo acabou se mudando com a família para Campo Grande. “Ele era treinador de cavalos, então passou para meu pai, meus tios e assim foi indo até mim. Com 9 anos, eu era jockey do meu pai e estava ganhando minha primeira carreira”, diz.

Paulo, aos 9 anos, ao lado do pai, Dolorito Vicente Ferreira. (Foto: Arquivo pessoal)
Paulo, aos 9 anos, ao lado do pai, Dolorito Vicente Ferreira. (Foto: Arquivo pessoal)
Aos 22 anos, Paulo se tornou treinador de jockeys em Campo Grande. (Foto: Arquivo pessoal)
Aos 22 anos, Paulo se tornou treinador de jockeys em Campo Grande. (Foto: Arquivo pessoal)

Relembrando seus anos como montador de cavalos, o treinador aposentado conta que no dia 26 de agosto de 1949 venceu a corrida e colheu os frutos por muito tempo. “Nessa época, o hipódromo era no Parque de Exposições. Me lembro que com o dinheiro que ganhei da corrida, nós conseguimos construir nossa casa e moramos lá por muito tempo”.

Seguindo na linha do tempo, aos 22 anos, Paulo passou a atuar ao lado do pai como professor de jockey e viu a história do hipódromo ganhar atenção com o tempo, assim como decair.

“Desde 1981 nós estamos aqui do lado do Jockey Club, na saída para São Paulo. A gente viu muita corrida aqui, mas com o tempo foi diminuindo até que acabou tudo. Hoje não tem mais nada comparado com antes”, explica o treinador.

Durante a maior parte de sua vida, Paulo explica que viveu momentos de glória com Jockey Club, mas hoje realmente consegue manter as boas lembranças vivas na cocheira da família. “Eu nem gosto de sair e ir no espaço do Jockey, tudo foi sendo depredado. A gente consegue manter nosso stud cuidado, mas o Jockey acho que nunca mais volta a ser o mesmo”.

Hoje, ao lado da filha Márcia Vicente Ferreira, de 56 anos, e do neto Gustavo Guardiano Ferreira, de 26 anos, ele segue sua rotina de não ficar um dia sequer longe da cocheira azul e branca. “Eu venho todos os dias e continuo cuidando dos cavalos, ensino as coisas para meu neto e aprendo também. Até porque é aquele ditado, a gente nasce e morre sem saber nada”.

Família coleciona troféus acumuladas durante a trajetória de Paulo. (Foto: Arquivo pessoal)
Família coleciona troféus acumuladas durante a trajetória de Paulo. (Foto: Arquivo pessoal)
Paulo, a filha Márcia e o neto Gustavo, que está seguindo seus passos. (Foto: Aletheya Alves)
Paulo, a filha Márcia e o neto Gustavo, que está seguindo seus passos. (Foto: Aletheya Alves)

Quinta geração no hipódromo

Orgulhoso do neto, Paulo conta que a família já está na quinta geração dos Ferreira em Campo Grande. E, assim como o amor pelo esporte e também pelos animais foi repassado por seu avô, hoje ele é o responsável por esse posto.

Principal responsável pela empresa da família, Gustavo explica que também já foi jockey, mas que acabou se afastando do esporte por um tempo. “Depois eu entrei na faculdade de Medicina Veterinária e voltei para o stud do meu avô. Cresci no meio de tudo isso e, na pandemia, precisei assumir mesmo”.

Hoje, sem as corridas da memória do avô ativas ao lado da cocheira, Gustavo conta que treina os cavalos para eventos fora da cidade e tenta manter a tradição viva. “É difícil porque tudo tem muito custo, mas essa é a história da nossa família e vamos continuar por aqui”.

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