Itala recusa visita para sobreviver à pandemia e ver neto se formar
Aos 88 anos, Itala resolveu fazer artesanato para se distrair, presentear os filhos e esperar pandemia passar
Aos 88 anos, a professora Itala Mandetta Maksoud é figura conhecida na cidade, autora de livro sobre a própria trajetória e mãe de oito filhos, agora, ela se mostra uma artesã de mão cheia personalizando caixas de MDF com pérolas e fotografias.
O artesanato é ferramenta que ela encontrou para ocupar a mente durante a pandemia, já que recusa visitas para sobreviver ao período difícil, que já levou mais de 560 mil vidas, inclusive, familiares dela. Ano passado, Itala perdeu dois irmãos para a covid-19.
Por telefone, Itala conta que antes da pandemia, era uma mulher ativa, de sair todos os dias de casa para “bater perna sem dó”. Mas com a chegada da pandemia do coronavírus, passou a seguir as recomendações e manteve o isolamento.
As filhas contam que ela tem consciência e medo. Quer muito viver para ver o neto Vinícius formar em Medicina, além disso, tem vontade de sobra de estar perto da família.
“Eu peço a Deus todos os dias que me dê vida, porque eu quero ver o meu neto Vinicius formando em Medicina. Ele forma daqui um ano e meio”, explica Itala.
Com 18 netos e 12 bisnetos, Itala se diz forte como uma rocha, mas precisava encontrar um jeitinho de se distrair, por isso, presa no apartamento, ela tem se dedicado ao artesanato.
“Eu me sinto realizada, porque eu não sei ficar parada olhando para o tempo, por isso, decidi fazer as caixas que eu sempre gosto de fazer, às vezes, canto fazendo as caixinhas”.
Cada caixinha que fica pronta, vira presente para um familiar. Uma das filhas, Maria Antonietta Maksoud, tem oito caixas em casa. “E, felizmente, nossa mãe está viva”, celebra a filha.
Itala é descendente de italianos e tem uma trajetória de vida de intensa. Aos 79 anos, ela lançou seu primeiro livro chamado “O que a vida fez de mim”. A obra é baseada em sua trajetória de vida e na perda trágica de um dos filhos, em 2006, que foi vítima de assassinato.
Mas apesar das fases difíceis, nunca cansou de lutar e fazer de tudo para a família sorrir. Prova disso são as fotografias com memórias de todos os eventos, que ela sempre fez questão de organizar. Às quartas-feiras, ela sempre almoçava com as filhas, mas a pandemia também surrou este momento. Por isso, tudo o que ela mais quer é continuar se cuidando.
“É uma calamidade tudo isso que estamos vivendo. Estou com 88 anos e quero viver mais um pouco, isso é o que eu peço toda noite a Deus”, finaliza.
Confira a galeria de imagens:
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