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Comportamento

Julio desistiu de ir embora e agora carrega bugre de Conceição na pele

Julio escolher tatuar obra de Conceição dos Bugres

Thailla Torres | 27/12/2021 11:45
Obra de Conceição dos Bugres na pele simboliza uma conexão de Julio com a cidade.
Obra de Conceição dos Bugres na pele simboliza uma conexão de Julio com a cidade.

Das quatro vezes que Julio Queiroz, de 36 anos, tentou ir embora de Campo Grande, nenhuma volta foi tão significativa em sua vida como a última. Ele tinha ido para Portugal com a família em 2019, na tentativa de recomeçar, mas uma pandemia mudou todos os planos.

De volta à capital sul-mato-grossense, Julio analisou por um longo tempo o que o impedia de deixar de vez a cidade. “Já era a minha quarta tentativa de ir embora e eu pensava: "O que aconteceu que eu não consigo ir? Atravesso até o oceano e algo sempre me traz de volta”, reflete.

Foi quando ele entendeu que aqui era o seu lugar e decidiu criar a Mandioca Records, um selo que projeta músicas de artistas independentes de Mato Grosso do Sul para todo o País. Esse momento despertou em Julio uma conexão com a cidade tão intensa, que ele decidiu marcar isso na pele.

Simbolizando essa retomada, o encantamento com Mato Grosso do Sul e amor às próprias origens, Julio escolheu eternizar na pele uma obra da Conceição dos Bugres.

O bugrinho que transformou a artesã em símbolo da identidade sul-mato-grossense é para Julio, um totem sagrado de MS. Aliás, a ligação com os totens não é de hoje. Ele sempre foi encantado pelos totens mundo a fora e cogitava tatuar algum há uma década.

“No meio do caminho, eu li uma matéria sobre a Conceição e me encantei. Acho lindos esses bugrinhos, a imagem da dona Conceição talentosa, pouco estudada, mas dona de uma sabedoria grande, sensível, forte, guerreira, mulher que deve ter passado por muita coisa. Acho a figura dela incrível”.

Pelas mãos do tatuador Thom Rech, Julio viu na semana passada, o bugrinho de Conceição finalmente ganhar espaço em sua pele.

“Percebi que via os problemas que Campo Grande tem e tentava suprir isso indo embora, mas a gente roda, roda e percebe que todos os lugares têm seus problemas. Assim, a gente passa a valorizar a nossa terra. Nosso estado é massa e esse retorno foi muito forte. Acho que a obra de Conceição simbolizou todo esse rolê”.

Agora, Julio pensa em deixar o antebraço direito para tatuar outros elementos sul-mato-grossenses. “Ainda não sei o que tatuar. Não tenho pressa. Sentirei o que fazer na hora certa, assim como senti quando vi um Bugre”.

Tatuagem foi feita por Thom Rech. (Foto: Arquivo Pessoal)
Tatuagem foi feita por Thom Rech. (Foto: Arquivo Pessoal)

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