Julio desistiu de ir embora e agora carrega bugre de Conceição na pele
Julio escolher tatuar obra de Conceição dos Bugres
Das quatro vezes que Julio Queiroz, de 36 anos, tentou ir embora de Campo Grande, nenhuma volta foi tão significativa em sua vida como a última. Ele tinha ido para Portugal com a família em 2019, na tentativa de recomeçar, mas uma pandemia mudou todos os planos.
De volta à capital sul-mato-grossense, Julio analisou por um longo tempo o que o impedia de deixar de vez a cidade. “Já era a minha quarta tentativa de ir embora e eu pensava: "O que aconteceu que eu não consigo ir? Atravesso até o oceano e algo sempre me traz de volta”, reflete.
Foi quando ele entendeu que aqui era o seu lugar e decidiu criar a Mandioca Records, um selo que projeta músicas de artistas independentes de Mato Grosso do Sul para todo o País. Esse momento despertou em Julio uma conexão com a cidade tão intensa, que ele decidiu marcar isso na pele.
Simbolizando essa retomada, o encantamento com Mato Grosso do Sul e amor às próprias origens, Julio escolheu eternizar na pele uma obra da Conceição dos Bugres.
O bugrinho que transformou a artesã em símbolo da identidade sul-mato-grossense é para Julio, um totem sagrado de MS. Aliás, a ligação com os totens não é de hoje. Ele sempre foi encantado pelos totens mundo a fora e cogitava tatuar algum há uma década.
“No meio do caminho, eu li uma matéria sobre a Conceição e me encantei. Acho lindos esses bugrinhos, a imagem da dona Conceição talentosa, pouco estudada, mas dona de uma sabedoria grande, sensível, forte, guerreira, mulher que deve ter passado por muita coisa. Acho a figura dela incrível”.
Pelas mãos do tatuador Thom Rech, Julio viu na semana passada, o bugrinho de Conceição finalmente ganhar espaço em sua pele.
“Percebi que via os problemas que Campo Grande tem e tentava suprir isso indo embora, mas a gente roda, roda e percebe que todos os lugares têm seus problemas. Assim, a gente passa a valorizar a nossa terra. Nosso estado é massa e esse retorno foi muito forte. Acho que a obra de Conceição simbolizou todo esse rolê”.
Agora, Julio pensa em deixar o antebraço direito para tatuar outros elementos sul-mato-grossenses. “Ainda não sei o que tatuar. Não tenho pressa. Sentirei o que fazer na hora certa, assim como senti quando vi um Bugre”.
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