Únicos de MS, os Fontoura formaram a equipe esportiva "Pantaneiros" e embarcaram na expedição do rali mais famoso do país
Enquanto outros têm a paixão por dirigir na tranquilidade de uma boa estrada duplicada, toda asfaltada e lisinha, com visibilidade perfeita, para Nuan, Davi e seu pai Alexandre, quanto mais poeira levantar, no meio do mato for e com desafios de lama, água, pedra e curvas acentuadas tiver, melhor será. Não é à toa que mais uma vez embarcaram juntos para o rali mais famoso do país.
Em família, a equipe "Pantaneiros" é a única de Mato Grosso do Sul no Sertões 2020, na categoria "Light" – isto é, "nem de velocidade, nem regularidade, mas um desafio de puro roteiro". Os três farão o trajeto de quase 3,5 mil quilômetros em 10 dias "pé na estrada" nas sete etapas/"bolhas" estipuladas pela organização.
A saída já aconteceu ontem (1º), no autódromo Velocittà em Mogi Guaçu, São Paulo, com destino final até o município de Barreirinhas, nos Lençóis Maranhenses. Tempo de estrada é o que não vai faltar, mas o que dizer da emoção durante a prova? Enquanto levantavam poeira na estrada, o Lado B fez um bate-papo via rádio com eles.
"É pura adrenalina correndo no sangue a cada segundo. Por exemplo, estamos a cerca de 20 km da 'bolha' de Brasília, mas não sabemos nada ainda, a cada momento vamos descobrindo o trajeto em tempo real. Nada é divulgado antes, é tudo na hora. O bom que aqui dentro do carro o esquema é família unida, não só na paixão pelo esporte, mas na vida", comenta o piloto do "Pantaneiros", Nuan Fontoura, de 22 anos.
Junto ao irmão Davi, navegador e co-piloto, os dois fazem time com o pai Alexandre, que é o chefe de equipe. O papel do irmão caçula, de 19 anos, é crucial na prova: é ele quem vai conduzindo o trajeto e dá suporte visual à Nuan. "Sou os olhos do maninho", disse.
"Somos mais do que pai e filhos no Rally dos Sertões. É questão de confiança e cumplicidade. Confio minha vida aos dois e eu faço o mesmo com a deles. Sempre vivemos juntos e intensamente. Quando morávamos na chácara, tínhamos a mesma interação de hoje. Somos amigos um do outro, uma equipe na vida", diz o pai coruja.
Aventura off-road sempre marcou os Fontoura. Poderia ter sido coisa de pai pra filho, mas nessa história foi o contrário. Desde criancinha, Nuan e Davi brincavam de quadriciclo motorizado – já iam pegando o "gostinho" pela lama e terra – enquanto outros estavam a tirar a rodinhas da bicicleta.
"Me lembro de tudo. Tinha uns 4 anos, aprendi primeiro a andar de quadriciclo pra só depois pegar o jeito da bike. Passado alguns anos, venho acompanhando o trabalho de Cristian Baumgart, piloto 'fera' de rali. Assim como ele, sempre quis participar da prova, e esta já é minha segunda. Aliás, meu primeiro Sertões com carteira de motorista. Se houver necessidade, posso muito bem pegar no volante", brinca.
Poeira no sangue – Alexandre conta que vem acompanhando as corridas do Sertões desde 2012, mas realmente só embarcou com os filhos no ano de 2017, quando tiveram a notícia que a prova passaria por Coxim, Aquidauana e finalizaria em Bonito. Assim, acompanhando parte da prova, tiveram o primeiro contato próximo.
Só em 2019 participaram efetivamente de todo o percurso. Saindo de Campo Grande, passaram pelos quilômetros desse "Brasil a ser descoberto" – nas palavras de Alexandre – até chegar nas praias e dunas de Aquiraz, no litoral cearense.
"Passamos pelos cânions de Bom Jesus no Piauí, além de lugares e paisagens incríveis. Conhecemos tantas pessoas no caminho, que moram corajosamente no interior do interior do país, no meio do nada. O evento tem essa estrutura gigantesca tanto pra gente quanto pra elas, contando com a oferta e auxílio de vários trabalhos e serviços gratuitos voltados à essas comunidades", explica Alexandre.
A prova movimenta cerca de 30 equipes, com mais 2 mil pessoas no total da organização. Por causa da pandemia de covid-19, este ano o percurso vai ser "direto", sem as paradas turísticas – apenas as de descanso e translado. Mas para os Fontoura, isso não será um problema: o importante é estarem juntos, fazerem a desafio acontecer e, principalmente, poder contar um com o outro.
"Acordamos às 4h e estamos aqui dentro do carro desde às 7h30. E ainda tem mais prova pela frente, só estamos no começo. Tudo é intenso e cansativo, tem que ter foco e muita atenção, mas nada do que estar em família não ajuda. Cada vez mais, pelo off-road, nossos laços vão estreitando no decorrer de muita estrada", finalizaram.
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