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Comportamento

Mãe perdeu filho para incêndio e virou brigadista para vencer o luto

Em meio a dor, Débora pensa no futuro de outras crianças e luta no combate as chamas no Pantanal

Por Thailla Torres | 07/07/2024 10:12
Débora trabalhando durante combate aos incêndios no Pantanal. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Débora trabalhando durante combate aos incêndios no Pantanal. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Em meio aos incêndios que destroem o Pantanal, Débora Ávila imagina que exista uma mãe desolada vendo o filho sofrer com problemas respiratórios. Ela sabe bem disso porque há quatro anos viveu o mesmo drama, com final bem mais trágico. O filho de 5 meses morreu por conta da fumaça dos incêndios de 2020. Hoje, em 2024, ela revive a cena triste de ver o Pantanal queimando, por isso, decidiu transformar sua dor em luta e virou brigadista para ajudar no combate ao fogo.

Na manhã de folga, Débora contou um pouco do momento mais difícil que viveu. O filho nasceu com uma síndrome e tinha complicações do pulmão. Cuidados respiratórios eram constantes. Mas naquele ano as fumaças do Pantanal tomaram a cidade e o bebê inalou muita fumaça. “Ele precisava de ar puro e, por conta dos incêndios, ele faleceu. Ficou sem conseguir respirar”, lembra Débora.

Na dor da despedida, Débora tentou encontrar um culpado e chegou a criticar os brigadistas, achando que eles não deram conta do fogo. “Eu não gostava deles. Cheguei a pensar: ‘meu filho faleceu e esses caras não fizeram nada para mim’”.

Hoje ela é brigadista do Ibama/Prevfogo e atua ao lado de outros guerreiros no combate aos incêndios. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Hoje ela é brigadista do Ibama/Prevfogo e atua ao lado de outros guerreiros no combate aos incêndios. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Mas foi a coragem de um amigo, que também escolheu se tornar brigadista, que tocou o coração de Débora, que decidiu conhecer o trabalho do Ibama/Prevfogo e a levou a fazer o curso de brigadista. Foi quando conheceu o trabalho que tudo mudou.  “Fui para o primeiro combate no ano passado. Aí eu vi como era a dedicação dos brigadistas e como eles dão o máximo no combate ao fogo. Eu estava totalmente errada sobre eles. São anjos enviados por Deus”, descreve.

Hoje ela é brigadista do Ibama/Prevfogo. Atua ao lado de outros guerreiros no combate aos incêndios na região de Corumbá. Não teme estar na linha de frente, mas anseia pelo fim das queimadas e pela consciência ambiental.

Na visão de quem um dia já detestou brigadistas, consciência é o melhor caminho. “A gente não quer estar ali só combatendo o fogo, a gente quer uma educação ambiental para prevenção. Se a gente prevenir, não haverá incêndios como esses”.

Apesar da dor e da saudade, Débora diz que luta pensando em outras mães. “Se tem fogo, tem alguém que não está respirando bem. Acredito eu que tem mães por aí com filho sofrendo para respirar, precisando de ar puro. Então estou ali dando o melhor de mim, fazendo a minha parte para que venham dias melhores e ninguém passe com seus filhos o que eu passei quando perdi o Gabriel”.

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