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Comportamento

Marina é a viúva que ama fazer o Bairro José Abrão comer fruta

Segundo os moradores, Marina merece uma estátua por se preocupar com a alimentação das amigas no bairro

Thailla Torres | 26/08/2021 06:10
Apaixonada pelo José Abrão, Marina é uma das moradoras que ama contribuir para o bairro. (Foto: Thailla Torres)
Apaixonada pelo José Abrão, Marina é uma das moradoras que ama contribuir para o bairro. (Foto: Thailla Torres)

Na esteira das estátuas que causam polêmica no país por representar figuras escravocratas da história brasileira ou ditadores, o Lado B decidiu celebrar o aniversário de Campo Grande com histórias de pessoas que, segundo os próprios moradores, merecem de verdade uma estátua como homenagem.

São pessoas que, segundo a vizinhança e amigos, salvam o “mundo” com pequenos gestos.

Invisível para o restante da cidade, uma das primeiras personagens é a aposentada Marina Mergian Caminha, de 59 anos, hoje, moradora do Bairro José Abrão.

Há 30 anos, ela vive no bairro desde que casou e deixou a região do São Francisco. Por duas décadas, trabalhou em uma escola até virar dona de casa para cuidar da filha. Mas viu a estrutura da família mudar quando perdeu o marido, há seis anos e por longos meses, vivenciou um doloroso luto.

A reviravolta na vida surgiu na Rua Antônio Lopes, número 39, sede do Clube de Mães do bairro, que tem aproximadamente quatro décadas de história, segundo Marina.

Foi ali que ela saiu de casa para “enterrar o luto” e voltar a viver somente com a saudade. “No grupo de mães, eu me encontrei. O carinho de todas essas mulheres me fez ver a vida de um jeito diferente”.

Marina, toda orgulhosa da placa cor de rosa da Associação de Mães do bairro. (Foto: Thailla Torres)
Marina, toda orgulhosa da placa cor de rosa da Associação de Mães do bairro. (Foto: Thailla Torres)

Anos mais tarde, a placa cor de rosa bebê no alto da porta virou responsabilidade de Marina, que hoje é presidente de clube e deu andamento a uma série de atividades realizadas no espaço de aproximadamente 100 metros quadrados.

Por lá, além de cursos de padaria, salgados, artesanatos e danças, Marina é a mulher que se dedica a fazer o bairro e a vizinhança do José Abrão a comer fruta de graça, mesmo que seja uma vez ao mês.

“Nós recebemos doações de dois voluntários, dona Margarete e o Jean, que doam frutas e bombom estado de consumo, para que possamos doar no bairro”.

Uma vez por mês, Marina recebe frutas como uvas, goiabas, pinhas, e as separa em sacolinhas para doar aos moradores. “Eu envio no grupo do bairro e as pessoas vêm buscar aqui na Associação de Mães. Tudo isso é feito com toda a nossa equipe participante do grupo. É um trabalho coletivo”, acrescenta.

E não são apenas moradores do José Abrão, vizinhos do Parque dos Laranjais e da comunidade Beija-flor também aparecem para garantir as frutinhas. “É um jeito que eu arranjei de todo mundo comer fruta. Queria poder doar todos os dias, mas só de conseguir fazer essa doação uma vez ao mês, meu coração já fica feliz”.

Quando questionada sobre a paixão que tem bairro José Abrão, o sorriso antecede as palavras. “Eu amo esse lugar. Pra você ter noção, eu podia morar no Centro, pois tenho apartamento na Padre João Crippa, mas ninguém me tira do José Abrão. Nosso bairro é limpo e cheio de amigos”, finaliza.

Se alguém pedir para Marina mudar do José Abrão, ela jura que não sairá. (Foto: Thailla Torres)
Se alguém pedir para Marina mudar do José Abrão, ela jura que não sairá. (Foto: Thailla Torres)

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