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Comportamento

Moto é “tesouro” deixado por pai há 17 anos, que filha sonha recuperar

Veículo marcou a infância e adolescência de Rebecca, que é cheia de lembranças deixadas por Reinaldo

Por Idaicy Solano | 11/06/2024 06:50
Reinaldo morreu em 2007, e deixou moto que é "relíquia" cheia de lembranças para a filha (Foto: Arquivo Pessoal)
Reinaldo morreu em 2007, e deixou moto que é "relíquia" cheia de lembranças para a filha (Foto: Arquivo Pessoal)

Moto Yamaha, modelo DT200r 1996, na cor branca, é relíquia cheia de lembranças deixada pelo pai da psicóloga Rebeca Miguel, 32, falecido em 2007. Vendida logo após o falecimento dele, contra a vontade da filha, dezessete anos depois Rebecca reencontrou o veículo, e agora tenta negociar com os donos atuais, para ter de volta o “tesouro” do pai.

A moto marcou a infância e adolescência de Rebecca, que conta que não queria se desfazer do bem que havia restado de seu pai, mas sua mãe acabou precisando vender o veículo por questões financeiras.

A moto ainda é registrada em nome do pai, Reinaldo Miguel Neto, e ela procurou pelo veículo por muito tempo, até perder a esperança. O cenário mudou quando um rapaz, que tinha interesse em comprar a moto, entrou em contato com ela, perguntando se ela conhecia o homem cujo consta nos documentos do veículo, por causa do sobrenome. Ao ouvir a história de Rebecca, ele desistiu da compra, e passou para ela o contato de quem estava vendendo.

O veículo foi parar em Pitangueiras, no Paraná, e Rebecca conseguiu negociar com o dono pelo valor de R$ 4 mil. O único problema é que ela ainda busca por estabilidade financeira, então bancar a moto à vista comprometeria um mês e meio de sua renda atual. Após reaver o veículo, ela pretende restaurá-lo, para deixar igual ao modelo original, pois ela foi descaracterizada para ser utilizada em trilhas.

Lembranças na garupa 

Rebecca conta que o pai sempre foi apaixonado por motos. Ele conheceu a esposa, Rosane Massarotto Miguel, 66, ainda na faculdade, na cidade de Itatiba, no Estado de São Paulo. Ambos faziam faculdade de psicologia e se formaram psicólogos. Na época, Reinaldo tinha um Maverick rebaixado, que ele trocou numa moto de 600 cilindradas.

Rosane conta que uma vez o marido sofreu um acidente, teve fratura exposta no joelho, mas só queria saber do estado da moto. “Ele perguntava ‘como tá a minha moto’? Não queria nem saber do estado dele”.

Já em Dourados, adquiriu a DT200r 1996, que era usada para passeios e viagens. Rebecca relata que ajudava o pai no consultório em troca de mesada. Quando pedia para passear, mas não tinha gasolina, ela diz que fazia questão de usar o pagamento para abastecer, só para poder andar de moto com o pai.

“Íamos no cinema, em barzinhos, saíamos para conversar. Era uma relação muito legal, e pra mim, foi uma das maiores perdas da minha vida [a morte do pai]. Foi a primeira moto que eu andei na garupa com ele. Ele era totalmente fascinado por moto e eu herdei essa paixão dele. A gente fazia o trajeto Dourados e Fátima do Sul, e teve um passeio que me marcou, que foi dentro do Clube Indaiá em Dourados, que a gente fez uma trilha lá dentro, eu na garupa e ele pilotando”, relembra Rebecca.

Montagem especial de Dia dos Pais é um dos poucos registros que Rebecca tem, pois não possuia um celular na época (Foto: Arquivo Pessoal)
Montagem especial de Dia dos Pais é um dos poucos registros que Rebecca tem, pois não possuia um celular na época (Foto: Arquivo Pessoal)

Rebecca tem uma tatuagem no ombro esquerdo com a data de nascimento de Reinaldo, e outra no pulso, de uma moto com um coração. Ambas inspiradas na marca que o pai deixou gravada na filha.

Reinaldo, faleceu aos 52 anos de idade, em decorrência de um infarto. Ele tinha histórico de diabetes e obesidade. Rebecca tinha 15 anos na época, e relata que estava em um retiro da igreja com a mãe, em Campo Grande, quando aconteceu.

“Meu pai estava em Dourados, e teve um momento no retiro que meus tios chegaram lá do nada e eu não entendi, e no momento que eles chegaram a gente já começou a viajar. Em Maracaju, a minha tia segurou minhas mãos, olhou para trás e falou que meu pai tinha falecido. Naquele momento eu fiquei sem chão, mas a pior parte foi quando eu cheguei no velório, porque aí a ficha cai de vez mesmo”, relembra Rebecca.

Rebecca conseguiu negociar o transporte da moto com o vendedor, e uma entrada de R$ 1,5 mil, e terá que pagar o restante do valor assim que ela chegar em Campo Grande. Quem quiser ajudar, pode conversar com ela pelo telefone (67) 99133-0037.

Tatuagem no ombro e no pulso foram feitas em homenagem ao pai (Foto: Arquivo Pessoal)
Tatuagem no ombro e no pulso foram feitas em homenagem ao pai (Foto: Arquivo Pessoal)

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