Na cadeira de rodas, pedreiro faz varal com aro de bike para sobreviver
Mesmo com uma perna cheia de pinos, ombro deslocado, um problema sério na coluna, Antonio Furtado não desiste
Aos 48 anos de idade, semianalfabeto, uma perna cheia de pinos, ombro deslocado, um problema sério na coluna, Antonio Furtado não desiste. Conhecido por ser engenhoso, o pedreiro, que tenta se aposentar por invalidez, inventou um varal diferente, feito com aro de bicicleta.
Antônio mora em Costa Rica, a 326 km de Campo Grande. Faz mais ou menos três meses que ele foi obrigado a percorrer esse trejeito de ambulância. Em agosto, enquanto se encaminhava para o trabalho, sofreu um grave acidente de moto que fraturou sua perna esquerda em vários lugares, além de machucar seu ombro.
Depois de longas cirurgias de reconstrução, Antônio voltou para Costa Rica, onde tenta retomar a vida fazendo o que mais gosta: inventar coisas.
Sempre tive muita criatividade pra inventar as coisas e como já tinha feito esse varal de aro outra vez que fiquei parado por conta da coluna, decidi fazer de novo agora”.
Antonio sofre há anos com dores na coluna. Por conta disso luta na justiça para se aposentar por invalidez, fato que o impede, por enquanto, de receber qualquer auxílio do Governo Federal.
Quem ajuda Antonio na fabricação dos varais é o irmão, Lourenço Furtado, que o hospedou durante quase dois meses após o acidente. “Ele mora num sítio a oito quilômetros de distância aqui da cidade, então seria muito difícil pra fazer fisioterapia, consultas, sem falar que a casa do sítio precisava de uma série de adaptações”, relata Lourenço.
Já de volta ao sítio, Antônio fabrica aos poucos os varais, tanto por suas limitações físicas, quanto pela própria dificuldade de encontrar matéria prima.
“Aro de bicicleta não utilizado é uma matéria prima meio difícil de encontrar em grande quantidade, por isso está sendo meio complicado. Nós pedimos ajuda de várias bicicletarias e conseguimos uma quantidade boa, mas não o suficiente pra atender nossa demanda”, lamenta Antonio.
O pedreiro não deve voltar a andar normalmente este ano. Ainda sofre muito com os reflexos das lesões causadas pelo acidente. Mesmo quando voltar, os especialistas têm dito à família que será com sequelas.
“Não é fácil porque meu irmão sempre trabalhou com serviço braçal, seja como pedreiro, seja no sítio, então está sendo uma fase bem complicada”.
Para quem quiser doar aros velhos de bicicleta ou dar outra ajuda, pode entrar em contato com o celular do Lourenço, que é o (67) 99964-2577.
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