No hospital, Copa é silêncio para quem nunca perdeu um mundial
Alguns pacientes e acompanhantes deram jeitinho de assistir Seleção Brasileira, que perdeu para Camarões
Enquanto a turma se reúne em casa ou nos bares para acompanhar os jogos da Copa do Mundo, os pacientes que estão internados na Santa Casa de Campo Grande não têm a mesma sorte. Pela primeira vez alguns não estão acompanhando a Seleção em campo, enquanto outros se viram como podem para ficarem a par do resultado das partidas.
Perto do horário previsto para começar a partida entre Brasil e Camarões, às 15h, os ânimos estavam calmos no setor. Em alguns dos quartos, os pacientes, que não estavam dormindo, seguiam conversando normalmente com os colegas ou acompanhantes.
Apesar da indiferença de alguns, outros estavam atentos aos celulares. Como não é disponibilizada televisão nos quartos, o aparelho é a solução que pacientes como Gabriel Marcelo Fernandes da Cunha, de 45 anos, encontraram.
Há nove dias internado devido a uma crise de gota, o caminhoneiro não conseguiu ver a Seleção em campo nos últimos três jogos. Gabriel diz que desconhecidos falam para ele sobre o placar. “O pessoal passa aqui no corredor falando que foi bom o jogo, mas se você ver mesmo não é igual como eles contam. O negócio é assistir, eu gosto”, afirma.
No celular, ele não assiste nenhuma transmissão e garante não se importar. Para Gabriel o mais importante é se recuperar e sair bem do hospital. “Eu sempre dou uma olhadinha, mas não dá para assistir, mas tá bom. O negócio é a saúde, depois que a gente melhorar a gente vê”, destaca.
Em relação às últimas edições da Copa, ele confessa sentir falta de quando um certo jogador vestia a camisa 10. “A Copa do Ronaldinho. Eu sou caminhoneiro e era uma época que a gente parava para assistir”, comenta.
Diferente de Gabriel, Damião Ferreira da Silva, de 41 anos, não estava doente. Ainda assim, ele não pode assistir à disputa de ontem, pois estava como acompanhante do sogro João Antônio da Silva, de 73 anos.
Como a família é de Sidrolândia, segundo Damião, eles revezam para auxiliar João no hospital. Questionado se valia a pena perder o jogo para fazer companhia ao sogro, ele ri e responde que sim. “Pra mim vale, porque a vida do meu sogro é mais importante. Eu sei que jogo é bom, mas aí a vida dele é mais”, ressalta.
Conformado em não ver o jogo em casa, Damião também estava com o celular em mãos para não perder nenhuma novidade. "Vou ver se consigo assistir pelo menos um pedaço", fala. Já sobre a expectativa de ver o Brasil ser hexacampeão, ele fala. "Rapaz, não sei não, mas tem que vir", comenta.
Na entrada da Santa Casa, Jandir Gomes de Novaes, de 47 anos, aguardava o sogro receber alta. Bem-humorado, ele não escondeu a vontade que tinha de estar vendo o jogo em outro local. “O bom é ver na televisão, o legal é estar no barzinho, tomando uma cervejinha”, pontua.
Através do celular, ele acompanhava a transmissão no Youtube. Mesmo com o elenco reserva entrando em campo, ele foi otimista e deu um palpite vantajoso para a Seleção. “Vai ser 2 a 0 pro Brasil”, diz. No entanto, a Seleção Brasileira perdeu para Camarões nesta sexta-feira (02).
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