Paulistanos se divertem com campo-grandense que chora no trânsito
Quem já viveu em São Paulo, nem consegue sofrer com o trânsito de Campo Grande
No primeiro dia de interdições das principais ruas do centro em Campo Grande, estresse total no trânsito. Diferente do clima tranquilo de quem se gabava de chegar ao trabalho em 10 minutinhos, o clima agora é de reclamação, buzinadas, fechadas, memes e até xingamentos.
Péssimo para quem se estressa e tem dor de cabeça, bom para quem está calejado desse furdunço nas ruas. É o caso dos paulistanos que vivem em Campo Grande e só conseguem dar risada quando olham para o trânsito.
“Se o campo-grandense conhecesse o trânsito de São Paulo numa sexta-feira fim de tarde, ele não se estressaria tanto com os 10 ou 20 minutos de trânsito lento que ele enfrentou na Avenida Afonso Pena”, diz o empresário Daniel Gomes Nascimento, que há oito anos, deixou São Paulo (SP) para viver em Campo Grande.
Na última semana, o que ele mais presenciou foram motoristas estressados. Em um dos episódios, ele chegou a abrir o vidro do passageiro e tranquilizar uma motorista que estava aos berros. “Falei brevemente da minha experiência em São Paulo, que já fiquei quatro horas no trânsito, ela até que se acalmou”, ri.
Daniel lembra que quando vivia na capital paulistana cansou de reservar hotel na sexta-feira para garantir a balada do dia. “Não compensava voltar para casa, se arrumar e depois sair. Sexta-feira por lá o trânsito é um caos. Quando chove então é uma loucura”.
Quem não se importa nenhum pouco com a paradeira dos últimos dias no trânsito é o arquiteto Fernando Leite. Ele mora a 10 minutos trabalho e mesmo com as ruas interditadas nos últimos dias diz que é difícil reclamar. “Não tem nem comparação, lá em São Paulo é outra coisa. Aqui, no máximo a gente vivencia algumas paradas, mas na maior parte da cidade, o trânsito é tranquilo”, conta.
Quando vivia em São Paulo, Fernando enfrentava cerca de duas horas para chegar ao trabalho, não conseguia almoçar em casa e nem levar o filho na escola. “Aqui, você consegue ter uma qualidade de vida melhor, porque o tempo que você não fica no trânsito é possível ocupar com outras coisas. Isso é um dos fatores que me fez escolher Campo Grande”, elogia.
Receita para não se estressar tem um ingrediente simples, segundo o empresário Sandro Souza, de 46 anos, que vive 20 dias do mês em Campo Grande e 5 dias em São Paulo. “O paulistano cresce aprendendo fazer horário alternativo para não pegar engarrafamento ou encara o trânsito com bom-humor”.
Além do bom-humor, ele também tem outras estratégias para encarar engarrafamento surpresa. “Paulistano faz do carro uma extensão do lar, tem sempre uma água, um petisco e uma muda de roupa limpa, seja para esporte ou para a balada. Com isso, se o trânsito estiver caótico a gente nem volta para a casa”, afirma.
O empresário paulistano Djuliano Ribeiro, de 38 anos, acha o trânsito de Campo Grande “o céu” comparado ao de São Paulo, mas sugere cordialidade aos campo-grandenses. “O único problema é que as pessoas não respeitam muito, falta cordialidade. As pessoas jogam o carro, vejo muito estressadinho arrancando, saindo cantando pneu, mas não há necessidade disso. É necessário paciência”, ensina.
Sandro ainda destaca melhorias que podem transformar o trânsito campo-grandense e reduzir o estresse. “O sincronismo do farol, por exemplo, é essencial. Além do respeito às faixas”, finaliza.
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