Queremos dar tudo aos filhos, mas boas memórias estão em momentos singelos
Talvez na ânsia de querer tudo sem defeitos, estamos nos esquecendo de viver com nossos pequenos
Lendo relatos sobre o que traz boas lembranças da infância junto à figura materna, ficou ainda mais evidente que, assim como na vida, na maternidade muitas vezes o menos é mais. Vivemos em busca da criação "perfeita", obviamente sabendo que ela não existe, mas tentados a provar o contrário, enquanto não enxergamos que a resposta está em nós e por vezes é tão simples!
O que temos de lembranças afetivas junto de nossas mães? Atos singelos como o leitinho com açúcar queimado e canela para espantar a gripe, o colinho quentinho com carinho no queixo, a comida preferida feita com amor, tomar banho de rio num fim de semana qualquer, o feliz aniversario na cama antes mesmo do bom dia, a caminhada até a escola, o segurar das mãos para atravessar a rua. Tudo corriqueiro e de tanto valor que carregamos com a gente até hoje.
E os nossos filhos? Do que eles vão lembrar? Talvez na ânsia de querer tudo sem defeitos, estamos nos esquecendo de viver com nossos pequenos. Seguimos tão focados na máxima do 'vou dar aos meus filhos tudo que não tive' que os entupimos de coisas, ignorando completamente o lado bom que nos marcou quando crianças (e que nossos pais também não fazem ideia do quão marcante foi, justamente por se tratar de ações simplórias).
Daqui a 15, 20, 30 anos será que eles ainda se lembrarão do carrinho de controle remoto, do celular de última geração, da boneca que dança e canta - que inclusive tá lá na caixa de brinquedos jogada junto a tantas outras bonecas - do urso do personagem daquele filme que já se tornou obsoleto?
Claro que dar a eles conforto é prazeroso, porém não podemos nos esquecer de ofertar o que temos de precioso: o tempo! Momentos como sentar no quintal, brincar na calçada, correr no parque, tomar banho de mangueira, ver um filme agarradinho, contar uma história antes de dormir, dar colo, verbalizar o amor. Enfim, humanizar essa relação sem seguir à risca a teoria do 'perfeito', nos lembrando da criança que fomos e o que ainda carregamos de bonito dela dentro da gente.
Jéssica Benitez é mãe da Maria Cecília e do Caetano e aspirante a escritora no @eeunemqueriasermae
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