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Comportamento

Querido na cidade, professor faz festa antes de enfrentar desafio de leucemia

Paula Maciulevicius | 27/08/2015 12:33
Carlão recebendo visita dos professores Alexandre Sabino e Joca, no Hospital Regional. (Foto: Arquivo Pessoal)
Carlão recebendo visita dos professores Alexandre Sabino e Joca, no Hospital Regional. (Foto: Arquivo Pessoal)

Na última sexta-feira, Carlão juntos os amigos mais próximos para um "bota-fora". Diagnosticado com leucemia pela manhã, ele decidiu 'comemorar' o desafio que estava por vir. Não deu tempo de chamar todo mundo, mas logo a cidade inteira ficou sabendo e entrou na torcida para que um dos professores mais queridos de Campo Grande se recupere logo.

Carlão tem uma simpatia proporcional ao tamanho do seu sorriso. Professor de Biologia há 32 anos, ele já passou pelas lousas do Dom Bosco, Avant Garde, Latino Americano, Paulo Freire entre Ensino Médio e cursinhos pré-vestibular. Hoje Carlão encara uma outra lição: "amor com bom humor = binômio da vida", ensina.

Internado desde sábado no Hospital Regional Rosa Pedrossian, Carlão se emociona ao falar da quantidade de carinho recebida. Depois de receber o diagnóstico, foram tantas ligações de amigos que ele resolveu anunciar no Park's, bar o qual é sócio, que passaria para um "tratamentozinho".

Carlão e os amigos no "bota-fora" da última sexta. (Foto: Marco Eusébio)
Carlão e os amigos no "bota-fora" da última sexta. (Foto: Marco Eusébio)

"Reunimos os mais chegados para um bota-fora. A gente faz festa para tanta coisa, por que não para um desafio? Vamos pra cima, vamos pra luta", afirma Carlos Alberto Rezende, de 51 anos.

O que o levou a procurar por médicos foi um cansaço fora do normal. Carlão é acostumado com a correria do dia a dia, mas passou a estranhar a reação do organismo. Depois de detectada a leucemia, agora ele aguarda o resultado do tipo para então seguir com o tratamento indicado. Por enquanto o professor não passou por nenhuma sessão de quimioterapia e dispensa vários elogios ao hospital.

"Estou surpreso positivamente com a estrutura. A gente está num pré-tratamento ainda, é uma luta que a gente não sabe o que vem. O diretor do hospital foi meu aluno, os médicos foram meus alunos, a equipe de enfermagem. Estou cercado de amor e de oração que eu não tenho medo de enfrentar nada", conta.

Nesta quarta-feira, todo carinho foi concentrado numa corrente para o bem pela internet. No Facebook, amigos criaram a página "Amigos do Professor Carlão". "Não fui aluna, mas sou muito amiga dele. Nos conhecemos militando juntos na política e nos movimentos sociais e por trabalhar com rede social e saber o poder que ela possui, resolvi criar a página", explica a jornalista Karina Vilas Boas, de 27 anos.

Carlão entre dois acadêmicos de Medicina e ex-alunos, Paulo Tairo e Ricardo Brites. (Foto: Arquivo Pessoal)
Carlão entre dois acadêmicos de Medicina e ex-alunos, Paulo Tairo e Ricardo Brites. (Foto: Arquivo Pessoal)

Até agora mais de 1,2 mil pessoas curtiram a página. O canal serve também para difundir o pedido de doação de sangue. Com número baixo de plaquetas, o professor precisa de doações, no Hospital Regional, pela manhã, em nome de "Carlos Alberto Rezende".

Por enquanto Carlão ainda recebe visitas. O horário é das 14h às 20h e claro que tem fila para entrar e dar um abraço. Na página pessoal do professor, aparecem fotos e vários recados, inclusive de quem já passou por isso e recebeu muito carinho dele.

"Queridão, a última vez que fui ao Park's, eu estava careca, vc me deu um abraço carinhoso e me disse que tinha certeza que eu venceria minha luta. Agora a luta é sua, e te digo o mesmo. Tenho certeza e fé que essa vc ganha fácil. Mantenha o sorriso aberto e a confiança na sua força interior. Pessoas felizes, como nós, e atitude mental positiva, garantem boa parte do sucesso do tratamento. Espero poder retribuir o abraço em breve", disse a publicitária Fabianne Rezek.

Por fim, Carlão fala que o seu maior patrimônio é a sala de aula, onde fez amigos. "É muito emocionante tudo isso. A sala de aula é meu templo, mesmo eu não estando nela. Foi lá que consegui conquistar muitos amigos. Agora é mão pra cima, confiar sempre e fé em Deus".

Para doar - É preciso ter entre 16 e 68 anos, estar bem de saúde, ter se alimentado e não ter consumido algum tipo de bebida alcoólica nas últimas 12 horas. A pessoa deve ir até o banco de sangue com um documento com foto (carteira de identidade, trabalho ou habilitação) no ato da doação e dizer que é em nome de: CARLOS ALBERTO REZENDE, internado no Rosa Pedrossian, Ala A, Apt. 460. Jovens menores de 16 anos só podem doar mediante autorização dos pais ou responsáveis.

O tipo sanguíneo não é fator determinante, pois hoje ao doar você está alimentando o banco de sangue e eles liberam as bolsas necessárias ao professor. Na doação, a pessoa recebe uma declaração que precisa chegar até o Hospital Regional Rosa Pedrossian. 

Os Amigos do Professor Carlão fizeram então pontos de coleta para o recebimento desse documento que pode ser entregue direto no Hospital Regional Rosa Pedrossian, na FETEMS - Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul - Rua 26 de Agosto, 2346 - Amambaí ou então no Park's Bar e Choperia - Rua Itacuru, 140.

Onde doar - Os hemonúcleos são: 
• HEMOSUL - Seg. à Sexta: 7h às 17h / Sábado: 7h às 12h - Av. Fernando Côrrea da Costa, n° 1304.
• Hospital Regional Rosa Pedrossian - Seg. à Sexta: 7h às 12h - Avenida Engenheiro Lutero Lopes, 36 - Conj. Aero Rancho.

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