Rafael escolheu salvar vidas após crescer na 'rodovia da morte'
Há seis anos, ele transformou tudo o que viu em motivação para se tornar socorrista e ajudar quem precisa
Rafael Rech, de 25 anos, hoje enfermeiro socorrista da CCR MSVia, tem uma história marcada por coincidências que chamam a atenção. Ele cresceu às margens da BR-163, na região de Anhanduí, rodovia que já foi considerada uma das mais perigosas do país devido ao alto número de acidentes. Desde menino, Rafael presenciou inúmeros episódios trágicos. No entanto, foi aos 18 anos que uma tragédia mudou o rumo de sua vida: ao ser um dos primeiros a chegar ao local de um grave acidente, ele tentou ajudar as vítimas, mesmo sem nenhum conhecimento técnico.
Naquele momento, Rafael ficou impressionado com o trabalho dos socorristas e descobriu sua paixão pela profissão. Desde então, formou-se enfermeiro e abraçou uma carreira que traz muitos desafios e emoções, mas também a oportunidade de salvar vidas diariamente.
Rafael desembarcou em Campo Grande nesta quinta-feira (23) para uma visita e relembrou o momento que mudou sua vida. Ele conta que naquele dia do acidente, quando a equipe de resgate chegou, ele assistiu ao procedimento e acabou se apaixonando pela profissão. "Aquilo tocou o meu coração. Foi uma motivação para eu começar a dizer que era aquilo que eu queria para a minha vida", relembra. Embora já tivesse presenciado outros acidentes, foi naquele instante que algo despertou em seu coração.
Ao completar 18 anos, Rafael começou a se preparar para ingressar na profissão. Ele iniciou com o curso de socorrista e, após a qualificação, foi convocado para trabalhar na CCR. Além de atender emergências, passou a conduzir ambulâncias, ao mesmo tempo em que se dedicava à faculdade de enfermagem. Após sua formatura, assumiu o cargo de enfermeiro, função que ocupa até hoje.
Há seis anos na profissão, ele não se vê trabalhando em outra área. A paixão pelo trabalho, assim como a oportunidade de contribuir nos resgates, são as motivações que o impulsionam a seguir firme em uma carreira cheia de emoções.
E falando em fortes emoções, recentemente Rafael teve a oportunidade de participar de uma das maiores operações de resgate de sua trajetória. Durante uma estadia em São Paulo, onde participava de um curso de aperfeiçoamento em técnicas que devem ser replicadas para as equipes de resgate de Mato Grosso do Sul, ele foi acionado para uma missão desafiadora.
Rafael foi chamado para atuar no resgate de um helicóptero que caiu em uma área de mata fechada, na região do município de Caieiras, a 25 quilômetros de onde estava. O trabalho foi realizado em conjunto com a Polícia Militar do estado de São Paulo, e a equipe de Rafael, com o apoio da patrulha aérea da PM, foi a primeira a chegar ao local do acidente.
"A gente trabalhou no resgate dos corpos. Infelizmente, pela tragédia, sentimos pela perda, mas temos a sensação de dever cumprido, porque conseguimos dar conforto e devolver os corpos para as famílias", expressa.
Em sua nova função, além de salvar vidas, Rafael também compartilha seu conhecimento com outros profissionais, treinando equipes para atuarem na linha de frente dos resgates. Atualmente, além de atender na base do Anel Viário, em Campo Grande, ele atua como instrutor técnico, ministrando treinamentos sobre atendimento pré-hospitalar, salvamento veicular e em altura para as unidades da CCR em todo o estado.
A rotina, apesar de incerta, é cheia de altos e baixos e repleta de emoção. Quando está de expediente, Rafael revela que atende os mais variados tipos de ocorrência, que não se resumem apenas a acidentes de trânsito.
“A gente pega de tudo um pouco, das situações mais hilárias às mais inusitadas. Participamos de muitos momentos tristes, em que devolvemos os corpos das vítimas para as famílias, mas também estamos presentes em muitos momentos de alegria. Eu já participei de um parto dentro da viatura. É um momento gratificante, principalmente porque estamos em contato com uma nova vida. A gente se sente realizado”, finaliza.
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